Não lhe chamem piropo

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Queridas Senhoras,

a notícia do dia é a criminalização do assédio de rua. Em poucas horas, fartei-me de ler comentários e piadas pouco edificantes até vindas de onde menos se espera. Não há maneira, fala-se em piropo e logo se desenha um sorrisinho idiota na cara de muitos. De facto, bem podíamos deixar de usar a expressão ”piropo” para referir ataques verbais de teor sexual feitos por desconhecidos (ou não). Antes que o tal sorriso idiota tome forma, é bom que pensemos nas nossas filhas, sobrinhas, irmãs, primas, vizinhas, amigas que a partir dos 12 anos (ou menos) se sujeitam a ouvir as maiores barbaridades. Desde Setembro passado é crime.

Aproveito o assunto do dia para partilhar uma situação incómoda com a qual, francamente, não sei como lidar. Num determinado jardim que frequento para fazer exercício há um voyeur. Ele não diz nada, limita-se a procurar a melhor posição para observar. Cedo percebi a técnica que consiste em escolher um lugar que lhe permita obter o melhor ângulo de visão. Quando inicialmente desconfiei disto foi fácil comprovar. Comecei a mudar de sítio e reparei que o indivíduo fazia o mesmo para obter novo ponto de observação. Há bastante tempo que não o via mas este fim-de-semana voltou. Com as mesmas técnicas, muito mal disfarçadas. Gozei ostensivamente com ele mudando de sítio a torto e a direito. Pensei numa abordagem directa mas descartei a hipótese. Pensei em avisar um polícia se encontrasse algum por ali mas olhar não é crime, pois não? Poderia deixar de frequentar o jardim mas estaria a limitar a minha liberdade. Tenho as minhas defesas e não me sinto ameaçada. Mas se ele fizer isto a uma adolescente, a uma pré-adolescente, a uma criança?

Beijinhos a todas,

Céu

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