Pelos becos e vielas da Mouraria

aziz

Queridas Senhoras,

a turma do costume voltou a juntar-se este sábado para mais uma (esforçada) incursão na noite de Lisboa. Os encontros podem ser espaçados mas não ficam esquecidos. Quando seis mães de família decidem que hão-de conseguir conjugar agendas, fintar aniversários, compromissos familiares e imprevistos vários, aí saiam da frente. Ainda que o dia tenha sido dedicado a lavar e estender roupa (e que fortuna essa, ter sol para secar a roupa após dias a fio de chuva e humidade; como são simples as alegrias de uma dona de casa!), à noite empenhámo-nos em aproveitar de outra forma este benfazejo Verão de São Martinho.

Então, sem mais demoras, aqui vai o relato. Depois de, pelo final de Abril, termos explorado a zona de Marvila (que se confirma estar cada vez mais em alta), completámos agora um circuito iniciado em Janeiro quando andámos pelo Intendente/Martim Moniz, sem ter chegado a mergulhar nas ruelas da Mouraria.

O sítio escolhido para jantar foi O Cantinho do Aziz, encafuado num patamar entre o Poço Borratém (acesso pelo Beco dos Surradores) e a Rua das Farinhas, entre a Praça da Figueira e o Martim Moniz. Com todo o respeito pelo falecido Aziz, pelo filho que dá continuidade a uma tradição que já leva mais de 30 anos e pelo resto da equipa, tenho que deixar escrito que o restaurante foi uma desilusão em termos gastronómicos. O ambiente pitoresco é difícil de superar mas a comida (permitam-me usar uma expressão cara à crítica gastronómica) é desinteressante, no mínimo. Esperávamos uma conjugação de sabores, pratos exuberantes, vegetais desconhecidos, especiarias e ervas, e o que veio foi basicamente carne com arroz tipo argamassa. Teremos escolhido mal os pratos, deveríamos ter contrabalançado com um ou dois vegetarianos (precaução que costumamos tomar) mas há coisas que não se endendem, em especial o arroz nada solto e a falta de outros acompanhamentos. Valeram-nos a bebinka e o pudim de coco e limão para sobremesa e um total de 16 euros por pessoa, razoável tendo em conta a experiência no seu todo.

Algumas notas marginais sobre o antes e o depois. Para início de conversa, eu e a I. bebemos uma cerveja na curiosa esplanada d' O Amoraria, arrumada a um canto da sinuosa Rua da Achada.

amoraria

Debaixo de olho ficou o Eurico, uma afamada tasca de grelhados no Largo de São Cristóvão, junto à igreja homónima. E também uma novidade, o Tasco do Mitra, “uma tasca portuguesa na fronteira dos bairros castiços de Alfama e da Mouraria.”

Para o aprés-diné a I. já tinha o plano traçado: percorrer a Rua do Benformoso, artéria pulsante de multiculturalismo que liga o Martim Moniz ao Largo do Intendente. Há um interessante percurso assinalado com notas históricas sobre S. Cristóvão, Mouraria e Intendente.

1375733_10151985264232952_1852930731_n

Sucedem-se os minercados, talhos halal, barbeiros e cabeleiros, snacks e restaurantes com cozinhas variadas. Sensivelmente a meio da rua, do lado esquerdo (sentido Martim Moniz-Intendente), procurem um snack com chamuças e outros salgados. Não provámos mas a I. garante que a chamuça é a melhor que já comeu. Não servem álcool no local mas podem abastecer-se de minis num dos minimercados (a I. não anda aqui a brincar). Mais sobre o Benformoso neste artigo do DN publicado, curiosamente, este sábado.

Este post já vai longo (nunca sair de casa dá nisto, parece que cheguei agora da província), tenho de me restringir ao essencial. E o essencial é o terraço espectacular do Grupo Excursionista e Recreativo Os Amigos do Minho. Entrem no nº 244 da Rua do Benformoso, ignorem a placa “proibida a entrada a pessoas estranhas aos Amigos do Minho” (como não ser amigo de quem tem terraços destes?!) e subam ao primeiro andar. Servem jantares dentro e fora, a mini custa 90 cêntimos e bebe-se debaixo da latada. (Deixem que vos diga que este spot mete a um canto o sempre apinhado pátio da Casa Independente).

amigosminho (1)

Voltando às imediações do ponto de partida, nota final para o Beco do Rosendo, sede da Associação Renovar a Mouraria, promotora de jantares, concertos, passeios e toda uma série de actividades para quem quiser aventurar-se a sério na descoberta desta nova velha Lisboa. Para nós foi apenas um cheirinho. Daqui a seis meses há mais.

Beijinhos a todas,

Céu

Comentários