Os livreiros falam às Senhoras: João Ferreira (Sidarta)



Queridas Senhoras,

fomos de fim-de-semana para Viseu e hoje falamos com João Ferreira, o livreiro responsável pela existência da Livraria Alfarrabista Sidarta, em pleno centro histórico da cidade. Os locais e os turistas agradecem (os núcleos antigos precisam de livrarias) mas a Sidarta não é só um lugar bonito de encontros, leituras e tertúlias. Através do site, João Ferreira tem clientes em todo o mundo.

1. Quando e como se tornou livreiro?

Sinto-me livreiro desde miúdo, juntava livros e sonhava que um dia teria uma livraria de livros antigos, que "já não havia à venda". Há 6 anos resolvi alugar um espaço e abrir a Sidarta. Era um sonho antigo.

2. Para si, o que é um livreiro?

Dizer o que é um livreiro hoje em dia é diferente que dizer o que deveria ser um livreiro, ou o que eu gostava que fosse. Infelizmente, o que se passa com os livreiros e até com as editoras, neste momento e há bastante tempo a esta parte é pouco condizente com a sua obrigação social. Esse aspecto é pouco importante face à quantidade de livros vendidos. Os livreiros que conhecem os autores, que gostam verdadeiramente de livros e dos seus conteúdos, hoje já são poucos. Interessa-lhes mais a quantidade que a qualidade, o mercado é assim ... infelizmente

3. Como caracteriza a sua livraria?

A Sidarta é um espaço disponível para todas as pessoas, tem uma sala onde estão os livros para venda, todos antigos ou esgotados no mercado. Há também uma sala onde artistas plásticos locais e também de outras paragens podem expor os seus trabalhos. Nessa sala há mesas e cadeiras para quem quiser estar a ler um livro sem precisar de o comprar.
Já aconteceram nesta sala lançamentos de livros, sessões de poesia, de leitura, palestras sobre vários assuntos (a ultima foi sobre a "intervenção na cultura pela arte), houve também sessões de contos para crianças, adultos e famílias...

4. Qual entende ser o papel das livrarias independentes nos bairros, vilas e cidades?

Exactamente contrariar a tendência actual, manter o gosto pelos livros e pela leitura

5. Quais são os principais clientes da sua livraria e o que procuram?

A maior parte dos meus clientes até nem são de Viseu, tenho um website que chega a todo o mundo e a maior parte das vendas acontecem aí. São coleccionadores, estudantes e as tais pessoas que querem ler obras que já não se encontram no mercado. Na livraria, registo com muito gosto que os mais jovens têm vindo a procurar clássicos nacionais e até clássicos russos.

6. Em sua opinião, o que pode contribuir para formar mais e melhores leitores?

Blogues como este por exemplo, a persistência de pessoas como nós. Aproveito para cumprimentar os meus colegas Alfarrabistas que estão nesta "luta".

7. Por último, pode recomendar-nos dois ou três livros importantes para si?

Há um que não posso deixar de referir, é o Sidarta de Hermann Hesse, recomendo vivamente. Só refiro esse porque não cabia aqui a lista de vários dois ou três livros de que gostei.



Da próxima vez que forem a Viseu não deixem de passar na Sidarta.


Beijinhos a todas,

Céu

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