Queridas Senhoras,
nascida e criada em Sintra, filha de pais não leitores, Rute Moura diz que «foi salva» pela biblioteca itinerante, que passava quinzenalmente pela casa do tio. Era meia-dúzia de livros de cada vez. Na biblioteca de Sintra aprimorou-se como leitora e futura bibliotecária. Não descansou enquanto não descobriu o curso de técnicos de biblioteca. Foi na Biblioteca Municipal de Oeiras, onde esteve oito anos, que se tornou uma «profissional dos livros». Hoje diz que é uma bibliotecária sem biblioteca. Trabalha na Junta de Freguesia de Alvalade, em Lisboa, em assuntos de cultura e comunicação. Livros incluídos.
1. O que está a ler neste momento?
Estou a ler Um cavalo entra num bar de David Grossman e Religião para ateus de Alain de Botton.
2. O que leu antes e o que vai ler a seguir?
Antes, A vida modo de usar de Georges Perec, as próximas leituras vão ser O osso da borboleta de Rui Cardoso Martins, um dos meus autores portugueses preferidos, e Doida Não e Não! de Manuela Gonzaga.
3. Conte-nos uma memória de infância relacionada com livros
Os meus pais não eram leitores, em minha casa não havia livros por isso a biblioteca itinerante teve um papel muito importante no meu crescimento. A sexta-feira, o dia em que passava a carrinha da biblioteca, passou a ser o meu dia de semana preferido. O cheiro da carrinha, o senhor que nos atendia e que quebrava as regras para eu poder levar mais livros, são memórias que guardo com muito carinho.
4. Que livros marcaram a sua adolescência?
Cisnes Selvagens de Jung Chang ajudou a construir a minha identidade política. Servidão Humana de W. Somerset Maugham ajudou-me a perceber melhor o indivíduo.
5. Um local público onde goste de ler
Actualmente, o comboio. Mas ando sempre com um livro e qualquer local é bom para ler. Obviamente que há leituras que não consigo fazer na rua, porque exigem mais concentração.
6. O seu recanto preferido de leitura (em casa)
No quarto, antes de dormir.
7. Uma biblioteca importante para si
Não consigo eleger uma biblioteca. A de Sintra fez de mim leitora; a de Oeiras, onde trabalhei durante oito anos, deixou-me um bichinho que acredito ser para a vida. O acto de ler, ainda que solitário, cria laços entre as pessoas, tenho amizades que nasceram com os livros.
8. As livrarias que costuma visitar
A Sinfonia em Alvalade. Tem poucos livros, mas tem sempre as novidades, por isso vou estando actualizada. A Hipopómatos na Lua em Sintra, uma delícia de livraria, especializada em livros infantis, impossível resistir.
9. Uma editora de que goste particularmente
Tinta da China. Adoro os livros de capa dura, o fio para marcar a leitura e acima de tudo a garantia de qualidade na tradução e nos autores escolhidos.
10. Que livros gostaria de reler?
Ainda não senti essa vontade, tenho tantos livros que ainda não li e que quero ler. Por outro lado, tenho medo de me desiludir, os livros marcam-nos numa determinada época da nossa vida e de diferentes formas. Quem me garante que vá sentir o mesmo impacto à segunda leitura?
11. Que livros está a guardar para ler na velhice?
Vários, os clássicos como Em busca do tempo perdido de Marcel Proust.
12. Acessórios de leitura que não dispensa
Óculos e o lápis para tirar notas.
13. E se um livro não prende, põe-se de lado ou insiste-se?
Insiste-se, tenho demasiado respeito pelo escritor para desistir.
14. Costuma ler sobre livros? Quais são as suas fontes?
Sim, alguns blogues como Bibliotecário de Babel e Horas Extraordinárias. E também a imprensa escrita. Estou sempre à procura de sugestões de leitura.
15. Uma citação inesquecível que queira dedicar às Senhoras da Nossa Idade
Nos últimos meses esta frase de Cardoso Pires tem-me acompanhado, «Lê-se para ter prazer. Lê-se para ter inquietação.»
Beijinhos a todas,
Céu
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