Os leitores falam às Senhoras: José d'Encarnação (Professor catedrático em História e Arqueologia e jornalista)





Queridas Senhoras,

no simpático bairro onde nasci, em Cascais, a minha família fez amizades muito importantes para todos os nós. Um dos casais 'lá de casa' eram a Ana e o Zé, e eu muito cedo comecei a dizer que queria ser como ele quando fosse grande. Porque o Zé era professor universitário e arqueólogo e historiador e jornalista e escritor e tradutor e... Bem, desde nova percebi que eu também gostaria de ser capaz de tocar muitos instrumentos.
Um dia, convidou-me para ir passear por Cascais e conduziu o passeio e a conversa com um tacto e uma sensibilidade tais que recebi a pior notícia que me poderia ter dado com toda a serenidade possível num momento que queremos a todo o custo que não seja real. Eu tinha 9 anos e ainda hoje nos vejo, sentados nos bancos de jardim junto à Igreja de Nossa Senhora da Assunção. Corriam-me as lágrimas mas eu escutava-o com atenção, porque vinha embalada por aquela voz e não queria que o embalo terminasse. Hoje, com 45 e mãe, imagino o quanto lhe terá custado assumir aquela tarefa. Mas fê-lo, como é seu hábito, com distinção.
Não consegui imitar a carreira do Zé, obviamente, mas mantenho a vontade de diversificar. Foi com ele que, na redacção do Jornal da Costa do Sol, comecei a perceber o que era um jornal, foi para lá que escrevi as primeiras reportagens e (sim!) críticas literárias, por volta dos 16, 17 anos. E fui, efectivamente, jornalista quando cheguei a grande. 

Natural de S. Brás de Alportel (24-12-1944), José d'Encarnação vive em Cascais desde os 4 anos. Professor catedrático em História e Arqueologia, aposentado, exerceu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra toda a sua docência universitária. A sua especialidade: a epigrafia romana. Jornalista, escreve assiduamente para a imprensa local e regional desde os 18 anos. Podem acompanhar as suas crónicas cascaenses no blogue Notas e Comentários.
Hoje fala connosco sobre as suas leituras.



1. O que está a ler neste momento?

Segredos de Lisboa, de Inês Ribeiro & Raquel Policarpo.

 2. O que leu antes e o que vai ler a seguir?

«Três meses no Limoeiro», de Faustino da Fonseca; a seguir: Ei-los que partem», de Júlia Néry 

3. Conte-nos uma memória de infância relacionada com livros

A biblioteca móvel do Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães, de Cascais, parava mensalmente à minha porta, a fim de eu entregar os 5 ou 6 livros que havia lido e requisitar outros tantos para o mês em curso.

 4. Que livros marcaram a sua adolescência?

«O Principezinho», de Saint-Exupéry; «Belezas ignoradas», de Thiamer Toth; e «A Arte de Estudar», de Mário Gonçalves Viana

 5. Um local público onde goste de ler

No comboio.

 6. O seu recanto preferido de leitura (em casa)

No escritório, à secretária.

 7. Uma biblioteca importante para si

A do Instituto de Arqueologia, onde passei a minha vida de docente universitário.

 8. As livrarias que costuma visitar

Os livros vêm ter comigo; não vou à procura deles.

 9. Uma editora de que goste particularmente

Apenas Livros.

 10. Que livros gostaria de reler?

«As Aventuras de João sem Medo», de José Gomes Ferreira. São meus livros de cabeceira «Construir», de Michel Quoist e o original francês de «La Citadelle», de Saint-Exupéry.

 11. Que livros está a guardar para ler na velhice?

Estou na velhice.

 12. Acessórios de leitura que não dispensa

O lápis para sublinhar as passagens mais importantes e folhas de papel para anotações.

 13. E se um livro não prende, põe-se de lado ou insiste-se?

Depende: se tiver de o ler por necessidade profissional, insisto; caso contrário, prefiro uma leitura em diagonal, para ficar com uma ideia do seu conteúdo.

 14. Costuma ler sobre livros? Quais são as suas fontes?

Não. As minhas fontes são os companheiros de jornada, no âmbito científico.

 15. Uma citação inesquecível que queira dedicar às Senhoras da Nossa Idade

«Planta orquídeas no jardim do pensamento», de Joseph Murphy.



Beijinhos com sabor a férias!

Marta

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