As sugestões de... Maria Filomena Barradas

As sugestões de Maria Filomena Barradas*

Leituras

Revisitar José Cardoso Pires, um dos grandes escritores do século XX português, que me encanta a cada releitura. Há pouco tempo, comprei Cartilha do Marialva, um ensaio que devíamos ler com atenção: embora datado em alguns aspetos, continua a ser muito pertinente na exposição que faz do paroquialismo português. Talvez seja difícil encontrar edições novas nas livrarias, mas há bibliotecas e muitos exemplares históricos pelo OLX.

Sugestões de prendas de Natal:

- para crescidos - Hotel de Paulo Varela Gomes, simples e intricado puzzle sobre o que pode ser o sublime em Arte e servido por uma narrativa muito cómica. 

- para miúdos – de Oliver Jeffers e editados pela Orfeu Negro, O Incrível Rapaz que Comia Livros, porque ler sabe muito bem, e Perdido e Achado, sobre amizades improváveis; 

- para minúsculos a iniciarem-se na leitura, o encantador e ternurento Boa Viagem Bebé, de Beatrice Alemagna, pela Orfeu Mini.

Visitas

Évora em tempos (des)confinados

Em torno do Templo Romano, visitar o Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida ou a Sé de Évora; dar um pulo até à Livraria Fonte de Letras, e comprar um dos livros acima. Averiguar se as visitas à Cartuxa de Évora ainda decorrem e ter a sorte de entrar no Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli. Ir lanchar à esplanada/ quintalão catita do Bakery Lounge (Rua de Burgos); comer um gelado na Fábrica dos Gelados (Alcárcova de Baixo) ou, se for um dia invernoso, castanhas assadas na Praça do Giraldo. Deambular pelas travessas ausentes de turistas e descobrir porque é que a Rua do Cano se chama assim, inventar histórias que justifiquem uma Rua do Capado e um Beco da Forçada, ou tentar perceber quem foram os Frades Grilos que deram nome à travessa. Ir jantar ao Quarta-Feira (Rua do Inverno).

Porque este é um programa para dois dias e para gente citadina em busca de pitoresco (ou para locais que se façam turistas de si mesmos e da sua cidade) ir espreitar o nascer ou o pôr do sol no solstício que se avizinha, a um dos recintos megalíticos da região: o Cromeleque dos Almendres é o mais conhecido, mas Vale Maria do Meio, ali para uma estrada secundária de Arraiolos, merece visita e recolhimento silencioso. 

Valha-nos a Netflix!

Na companhia de crescidos, rever Big Fish (Tim Burton, 2003), um filme sobre a importância das histórias na nossa vida – ou de como qualquer vida dava uma história, como nos lembra The Crown, cuja quarta série estreou há poucas semanas (e sim, é ficção, embora feita a partir de pessoas verdadeiras e reais).

Na companhia de miúdos, rir com as aventuras da Ovelha Choné e da Porquinha Peppa, ou descobrir o culpado das partidas do zoo com o detective Sherlock Yack. 

Sozinha, depois de um dia muito longo a fazer muitas coisas, porque os dias das mulheres têm 72 horas pelo menos e precisam de guilty pleasures ocasionais: Emily in Paris (sim, muito, muito tonto). 


*Maria Filomena Barradas (1976) é professora na área da Língua e Literatura Portuguesa, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre. 


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