Cobardia maternal

memória
Queridas Senhoras,
não me orgulho deste momento. Hoje, pela primeira vez, o Francisco viu de relance a tristemente célebre imagem da criança síria morta à beira-mar.

- Mãe, que horror, olha o bebé...
- Não é um bebé, filho, é um boneco.
- Um boneco?
- Sim, um boneco que algum menino perdeu na praia.
- Oh, coitadinho do menino!

Que me perdoem Aylan e a sua família; que me perdoem todos os que sofreram e sofrem em busca de paz. Eu, cobardemente, reagi por instinto, querendo proteger o meu filho daquela dose brutal de realidade. Do conforto do meu sofá.

Tento sempre dizer-lhe a verdade. Tenho que tentar melhor.

Abraços,
Marta

Comentários

  1. Não te martirizes. Infelizmente, não vão faltar oportunidades para aplicar aquilo que o teu coração te disse, à posteriori, que devias ter feito.
    Não há um certo nem um errado. E talvez tenha sido melhor contar uma estória do que dizer a verdade sem, antes, ter reflectido sobre a melhor forma de fazê-lo.
    Nunca pensei sobre o que dizer ao meu filho nessa situação. E vou ter de fazê-lo, é evidente...

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  2. Quando a Marta não se martirizar, o mundo certamente estará para acabar :)

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