Jornalismo de mãe

[caption id="attachment_2430" align="aligncenter" width="500"]lady Foto de Legacy Recordings[/caption]

Queridas Senhoras,

há uma semana ou duas fui a uma consulta de optometria. Já há alguns anos que não revia as lentes dos óculos e ultimamente andava a sentir-me desconfortável, como se os óculos tivessem perdido o efeito repousante que sempre sentira. Adiei o mais possível a coisa porque as lentes custam uma fortuna (e também, confesso, porque queria mudar de armação, coisa que já não fazia há... nem sei).

Depois de uma cuidadosa análise da oferta, apostei na FIV - Fábrica Internacional da Visão. Os preços das lentes são muito competitivos e existe uma linha de armações de marca própria muito barata. Tão barata que é gratuita, na compra das lentes, vim a descobrir. Bem, só faltava encontrar a armação que eu tinha na ideia e negócio fechado.

No dia da consulta, o Francisco ficou em casa. Andava com prisão de ventre e eu preferi tê-lo por perto. Felizmente, soltou-se o ventre a tempo e lá fomos para a baixa, tranquilamente.

Gosto de levar o Francisco comigo a fazer coisas deste género. Mesmo que apanhe um bocado de seca, acredito que o ganho é sempre superior, por 'ir aos bastidores' e aprender um pouco mais acerca da forma como as coisas acontecem.

A consulta foi longa e minuciosa e ele estava admirado com tanta maquinaria. Também achou muita graça ao quadro com letras e vinha sussurrar-me ao ouvido (mãe, é um P, um L, um O) quando eu me engasgava.

Depois, ajudou-me a escolher a armação. Chegámos a um consenso quando experimentei uma parecida com a da imagem acima e pronto. Uns dias mais tarde fui buscar os meus óculos novos, que são giríssimos (ainda mais agora, que sei que são parecidos com os da Lady Day), e cujas lentes foram corrigidas de modo a eu recuperar o meu conforto. Recomendo vivamente a FIV (pelo menos, a de Coimbra): 90 euros por armação + lentes de espessura reduzida, anti-risco e anti-reflexo. E agora o Francisco já sabe como se fazem os óculos.

Ocorreu-me ontem que isto de ter filhos é um bocado como ser guia turístico. Enquanto lhe explicava porque é que vemos noticiários e como é que escolhemos as pessoas que gerem o nosso país, percebi que parecia que estava a explicar um hábito pitoresco a um visitante de outras paragens. E isso aplica-se a tudo o que lhe tento ensinar, com uma (enorme) diferença: o visitante exclama, oh, que giro!, tira umas fotos e volta para casa, descansado. Os filhos estão a aprender que terão que gramar com isto.

Nunca pensei que os meus anos de jornalismo de viagens pudessem vir a ajudar-me no exercício da maternidade, mas a verdade é que tenho uma paciência infinita para lhe descrever tudo ao mais ínfimo detalhe, seja o consultório do optometrista ou uma notícia da Assembleia da República. Paciência e gosto. Um pouco como fazia quando queria mostrar aos leitores que nós temos coisas muito fixes neste nosso país. Agora procuro mostrar ao Francisco que até as voltinhas chatas do dia-a-dia podem ser fixes, se tivermos um interesse genuíno naquilo que se passa nos 'bastidores'.

Bem, mas fixes, fixes, são os meus óculos novos!

Beijinhos,

Marta

Comentários

  1. o Francisco tem muita sorte com a mãe que lhe calhou na rifa!

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  2. Obrigada, priminha :) Mas olha que eu é que me sinto sortuda por me ter calhado na rifa um filho com pachorra para as mil e uma curiosidades da mãe!

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