A Caddy cheirava como as árvores

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Queridas Senhoras,

os livros das nossas vidas podem ser tanto aqueles que lemos como os que nunca conseguimos ler. No topo da minha lista de livros nunca lidos está O Som e a Fúria de William Faulkner. Em casa dos meus pais tinha imensos livros em que ia pegando mais ou menos ao acaso. O Som e a Fúria esteve lá desde sempre.

Tinha fama de leitura difícil, pouco acessível, linguagem indecifrável. Peguei-lhe uma vez ou duas, provavelmente antes dos 20 anos, e nunca passei do início. O livro conta a mesma história narrada pelos diferentes membros da família Compson, um clã do Sul dos Estados Unidos, e recordo-me de ter lido que o facto de o livro começar pela narração de Benjy, o irmão atrasado, colocava dificuldades acrescidas à progressão da leitura.

Ontem, finalmente, mergulhei no discurso de Benjamin, Jason e Quentin, os três irmãos cuja vida gira em torno da irmã, Caddy (e mais tarde da filha desta, que também se chama Quentin), a tal que "cheirava como as árvores". Assisti, nos Recreios da Amadora, à adaptação da obra pelo Teatromosca. Em pouco mais de duas horas a peça dá-nos páginas e páginas de Faulkner. Páginas que nunca li! Carradas e carradas de texto (tão bom).

Às vezes, os livros não-lidos da nossa vida passam para a lista dos lidos (aconteceu-me há pouco tempo com A Catcher in the Rye). Não sei se vou a correr ler O Som e a Fúria mas sinto-me agora totalmente preparada para essa tarefa.

Quem puder, vá hoje ainda, ou amanhã à tarde, aos Recreios da Amadora. Ou descubram aqui onde é que a peça vai estar a seguir (Guarda, Maia, Almada...).

Beijinhos a todas, bom fim-de-semana,

Céu

 

Comentários

  1. Gosto muito de Faulkner mas acho mais fácil começar pela Luz de Agosto, por exemplo.

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  2. Não conheço e acho que nunca ouvi falar. Muito obrigada pela dica.

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