"Na altura em que comecei a viver
com a responsabilidade das
tarefas domésticas não tinha referências.
Estendia a roupa como se soubesse a cores,
Matisse nas molas, como pássaros.
Demorava muito tempo com as mãos dentro de água,
podia ser Bonnard a dar banho à loiça.
Limpava o peso do pó com uma expressão idêntica ao Kiefer.
Passava vagarosamente a ferro.
Aspirava a não ter estes trabalhos
embora pudesse pôr a mesa a trautear fados.
Eram tempos em que o céu era mais azul
e a minha profissão sincera
era a de doméstica plástica."
in «Os Animais Domésticos», de Maria João Worm. À venda aqui.
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