Os leitores falam às Senhoras: Marta Pinho (tradutora)




Queridas Senhoras,

hoje falamos com Marta Pinho, uma das fundadoras do clube de leitura Moderato Cantabile, dedicado à literatura brasileira, criado em Maio deste ano no espaço Valsa, na Penha de França, em Lisboa. Formada em Línguas e Literaturas Modernas, Marta é tradutora desde 2002 e nos últimos anos tem focado o seu trabalho na tradução de livros. Em 2016, estudou por seis meses em Itália, país onde sonha viver. Dedicou-nos uma citação de Dante.

1. O que está a ler neste momento?

Leonardo da Vinci, de Walter Isaacson. No fim de 2018 traduzi dois livros de ficção cujo protagonista era Leonardo. Já tinha um certo fascínio por ele, sobretudo pela sua faceta de engenheiro e inventor de máquinas incríveis, mas depois das traduções resolvi ler a sua biografia. Mas não consigo não ler ficção, por isso, comecei agora Autobiografia, o novo do José Luís Peixoto, que é meu escritor português contemporâneo preferido. Pelo meio, vou lendo páginas da Obra Poética de Sophia de Mello Breyner Andresen, que quero terminar até ao fim do ano.


2. O que leu antes e o que vai ler a seguir?

Antes: The Heart’s Invisible Furies, de John Boyne. Uma obra incrível, um percurso de vida extraordinário na Irlanda ultracatólica, desde o pós-guerra até aos nossos dias. A seguir: Mrs. Dalloway, de Virginia Wolf. Finalmente.

3. Conte-nos uma memória de infância relacionada com livros

Na minha casa não havia muitos livros, os meus pais não tinham o hábito da leitura, mas havia uma colecção de “clássicos” da minha irmã, mais velha do que eu 17 anos. Era uma zona rural, os verões tinham três meses, não havia nada para fazer e eu lembro-me de começar a ler a Crónica de D. João I, de Fernão Lopes. E até de achar piada.

4. Que livros marcaram a sua adolescência?

O primeiro livro que me lembro de causar um verdadeiro impacto em mim foi Os Maias, que li no verão entre o 11º e o 12º ano, quando tínhamos três meses de férias.

5. Um local público onde goste de ler

Tapada das Necessidades e Copenhagen Coffee Lab de Alcântara.

6. O seu recanto preferido de leitura (em casa)

Na cama, de onde vejo o céu e os aviões a passar a toda a hora.

7. Uma biblioteca importante para si

Biblioteca da Fundação Gulbenkian de Vale de Cambra, a minha terra natal, onde ia buscar os livros todos que lia.

8. As livrarias que costuma visitar

Bertrand Chiado, Ler Devagar, mas sobretudo livrarias estrangeiras online.

9. Uma editora de que goste particularmente

Penguin e Tinta da China.

10. Que livros gostaria de reler?

Os Maias. Só. Há livros demais e tempo a menos para se repetir obras.

11. Que livros está a guardar para ler na velhice?

Nenhum. Leio à medida que me vem a vontade e estou sempre a descobrir autores novos.

12. Acessórios de leitura que não dispensa

Só o marcador.

13. E se um livro não prende, põe-se de lado ou insiste-se?

Insiste-se durante algumas páginas, mas quando se percebe que o livro não nos desperta interesse, ou que não tem nada a ver connosco, ainda que esteja bem escrito – até pode ser uma (considerada) obra-prima, esquece-se, porque há muito mais para ler.

14. Costuma ler sobre livros? Quais são as suas fontes?

Não leio muito, confesso. Mas estou sempre atenta à crónica e ao blogue da Maria do Rosário Pedreira, sigo uma doutoranda em Literatura no Instagram e dois YouTubers brasileiros.

15. Uma citação inesquecível que queira dedicar às Senhoras da Nossa Idade

«Fatti non foste a viver come bruti, ma per seguir virtute e canoscenza.» — Divina Comédia, Inferno, Canto XXVI, Dante Alighieri

[«Não fostes criados para viver como bestas, mas para perseguir a virtude e o conhecimento.»]




Beijinhos a todas,


Céu



Comentários

  1. Bom dia. Faço doutoramento na Universidade do Porto e preciso me contatar com a Tradutora Marta Pinho - um trabalho académico. Não estou conseguindo descobrir o email dela. Podem me ajudar? Meu email é besantanna@gmail.com. Melhores cumprimentos. +351 917104275

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