Queridas senhoras,
Fui mãe. Após a aventura por terras suíças que aqui ia partilhando, aconteceu-me esta coisa espectacular. E como todas bem sabem, tempo é coisa que falta sempre a uma mãe. Na minha modesta opinião, a grande mudança é precisamente essa: já não somos senhoras do nosso tempo.
Estes foram tempos muito duros. A maternidade é bela mas dura. Lembro-me de ter pensado que autocarro foi este que me atropelou e eu, cheia de mazelas, continuei a andar até chegar a uma paragem segura, coisa que nunca mais aparecia.
Depois de ser mãe apercebi-me também que há um complô generalizado do próprio género feminino ao não contarem este lado mais violento da maternidade e, desta forma, perpetuarem a espécie.
- Não te quis dizer para não te assustar…
Tantas vezes ouvi isto.
Quer-me parecer que ainda existe gente no mundo por causa deste silêncio que faz com que muitas mulheres “vão ao engano”, mesmo aquelas que queriam muito ser mãe. Isto é coisa de milhões de anos e parece que o movimento não vai parar.
Ser mãe mostrou-me um lado agridoce que eu não conhecia na minha vida. As coisas para mim eram pretas ou brancas e agora vivo tão bem no cinzento… Já voltei a ler livros mas de histórias infantis, os banhos de imersão já não são para mim e as sestas não são quando me apetece, mas sim quando ele quer.
O que esperar, então, destes desabafos em forma de crónicas? Basicamente pouca coisa. Se pensam que os meus escritos vão estar cheios de conselhos de parentalidade estão bem enganados que daqui não sai jurisprudência. O que vos posso prometer é apenas a minha experiência narrada em curtas estórias, como esta que se segue.
No primeiro ano chorava todos os dias ao olhar para o meu filho, várias vezes por dia se fosse preciso. O meu marido dizia-me que estava com uma depressão pós-parto e eu tentava explicar-lhe que chorava de cansaço mas de felicidade. Gente feliz com lágrimas não tem depressões. Simplesmente está cansada.
E eu sou tão mais feliz assim…
Até para a semana, com a primeira crónica subordinada ao tema Sono vs Barulho.
Paula
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