All the very best of us / string ourselves up for love

Querida Mariana,

neste início de ano tenho pensado muito nas coisas que são verdadeiramente importantes na nossa vida. Foi um ano tumultuoso, 2010. Não é que eu não esteja habituada a isso, mas agora (deve ser da idade...) reajo de forma diferente. Ou seja, parte de mim reage aos tumultos para conter os estragos o mais possível, mas outra parte procura manter-se inalterada, preservar uma "zona neutral" em que residam todas as coisas que são verdadeiramente importantes para mim. É tão fácil deixarmo-nos arrastar pelas correntes e perdermos de vista o nosso horizonte, não é?

Hoje quero falar-te de amor.

«O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.»

Alberto Caeiro

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Comentários

  1. E tudo o que passava longe dos nossos olhos e dos nossos corações, porque tinhamos tanto tempo, tanta urgência de viver o que ainda não fora vivido, parece de repente reassumir uma emergência tão crescente! Já não estamos sozinhas neste mundo, nunca mais! Somos responsáveis por outros seres, devemos viver por nós mesmas e também por eles. Somos esse ser indivisivel, que transcende a própria existência humana. É o amor maior. Esse amor que nos leva a ultrapassar as tormentas, porque temos que abrir o caminho, ir à frente, protegê-los do impacto. Falo naturalmente dos filhos. Porque é o amor maior, Ana Marta. Também em nome desse amor as tuas fragilidades humanas assumem uma delicadeza que te fará estremecer (e se não posso? e se não estou aqui para o proteger de tudo?) ... mas igualmente te darão a força para todos os dias acarinhares esse pequeno refúgio a que chamaste amor. Afinal, o que nos salva do desaire. O saber que não se está sozinha. Cá dentro, no peito. Um beijinho Pat

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  2. Ana Marta Ramos04/01/11, 10:48

    Querida Patrícia, obrigada! O Senhoras da Nossa Idade já não seria o mesmo sem os teus contributos! :) Beijos!

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