Este post é para ti, Céu




Este post é para ti, Céu


Por muitas razões: desde logo, porque me obrigaste a vir aqui escrever um post, o que eu te agradeço. Não encontrei outra forma de responder adequadamente ao último texto que nos ofereceste.

Depois, porque cada vez que escreves no Senhoras fazes-me dar graças pelo dia em que me lembrei de vos convidar, a ti e à Susana, para este nosso canto. Eu e a Mariana não andamos a fazer as honras da casa convenientemente e tu (agora a Susana também desapareceu, mas a culpa é um pouco minha, estou sempre a desafiá-la para coisas diferentes...) manténs a chama acesa - assim, por mais perdidas que andemos, conseguimos sempre encontrar o caminho de volta.

Ter-te aqui é não te perder. A Céu "hedonista até à medula", que mesmo sabendo que "não há nada de novo debaixo do sol" acredita que "uma pura e clara manhã de sol é uma benção" e cujos textos, "mesmo falando de assuntos tristes (...) têm esperança e futuro, são banhados por uma luz primaveril", brindando-nos com "a clareza límpida das palavras, a nitidez do discurso e da argumentação, e acima de tudo, o profundo amor e respeito à língua portuguesa."

O teu texto de ontem entra directamente para a galeria dos meus preferidos de sempre. Tem tudo aquilo que me faz ser leitora: tem pessoas, tem factos, tem opinião fundamentada, tem emoção, tem intelecto. Apela-me às memórias. Valoriza o trabalho de escritores e coloca-os na exacta posição que ocupam nas nossas vidas. E, last but not least (not at all), descobre uma relação entre o trabalho de dois criadores.

Eu vivo para isso. Ando sempre à procura, inconscientemente, de ligações. No trabalho, são os ângulos (como tu costumas dizer) das histórias que conto. Mas fora do trabalho, e muito antes até de saber que viria a profissionalizar esta mania, teço teias mentais constantemente. Isso enriquece-me, se calhar é o meu substituto de religião. O mundo para mim faz um bocadinho mais sentido de cada vez que estabeleço uma ligação.

Como o quadro que escolhi para este post, "Nighthawks" - tenho a certeza de que já escrevi aqui sobre ele. Está mesmo à minha frente, aqui na sala, foi a partir dele que descobri o Edward Hopper, que é um dos meus pintores preferidos, porque cada pintura sua é para mim um despoletador de histórias intermináveis. Foi amor à primeira vista, mas a coisa tornou-se decididamente séria quando descobri que o Tom Waits (outro dos "meus" criadores) se inspirou nesta imagem para compor "Eggs and Sausages", do álbum "Nighthawks at the diner". Aí tive mesmo que trazê-lo (enfim, uma reprodução) para casa.

Obrigada, Céu, por teres acrescentado um pouco mais de sentido ao meu mundo.



Beijinhos muito grandes para ti e para todas!

Marta

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