Queridas Senhoras,
afinal, o livro das férias não vai chegar a ver a cor do mar nem as páginas vão ficar cheias de grãozinhos de areia (pelo menos na minha companhia mas pode ser que alguém ainda o leve à praia).
Consumi A verdade sobre o caso Harry Quebert, o fenómeno deste Verão, em menos de uma semana. (prendinha de aniversário do meu marido que acabei por convencer a antecipar: "por favor, dá-me já o livro e deixa-me começar a ler!"). Foram tiradas de duas ou três horas, em cinco ou seis noites de pouco sono. (Não há por aí outro fenómeno para levar a banhos, tirando o Dan Brown?)
Se às primeiras páginas senti uma certa desilusão (achei o tom, de início, demasiado simplista, explicativo, infantil), essa impressão foi passageira e, quando a história arranca de facto, já nada consegue travar a leitura.
Fiquei a admirar sobretudo o enredo, a construção da intriga, os livros dentro do livro. Há o livro que estamos a ler, o livro que o narrador está a escrever, o livro que o seu professor, Harry Quebert, escreveu há mais de 30 anos, e ainda as cartas trocadas que deram origem ao livro, manuscritos de caligrafia perfeita e cópias batidas numa Remington antiga.
Ao mesmo tempo que vai desenrolando a trama, Joël Dicker disserta sobre o processo de escrita e sobre a vida dos escritores, as suas angústias, ambições, erros, pecados. Inclui 31 conselhos grátis para aspirantes a criadores de best-sellers.
A trama, essa, é um emaranhado perfeito de corredores escuros que, aqui e ali, vão sendo iluminados, revelando alguns detalhes, omitindo outros, sem que nunca vejamos um corredor de uma ponta à outra
Alternando entre presente, passado, passados ainda mais longínquos e uma época incerta, fictícia (o “paraíso dos escritores” onde a palavra tem força de lei), a história vai sendo desvendada através dos mais diversos registos escritos e orais: excertos de livros, diários, cartas, relatórios policiais, entrevistas gravadas, consultas de psiquiatria, conversas escutadas. Tudo datado, identificado, registado. Acompanhamos a investigação do narrador do seu ponto de vista, estando na posse dos mesmos dados, conhecendo as personagens tão bem como ele.
Quem será capaz de descobrir quem matou Nola K.?
Beijinhos a todas,
Céu
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