Queridas Senhoras,
a cultura americana é-nos tão familiar como pipocas no cinema. Podemos amar ou odiar mas crescemos com essas referências, com os filmes de cowboys, o Vietname, o sonho americano, the american way of life, Seinfeld, O Sexo e a Cidade, Nova Iorque de todas as formas e feitios.
Teatro americano dos anos sessenta, mesmo sem saber ao que vamos, soa a coisa familiar, conhecida. America, Suitamérica (encenação de Rui Mendes para o Teatro dos Aloés) justapõe duas peças dessa época, cada uma interpretada por um casal. A estrutura é muito simples, colocando homem e mulher à conversa numa prosaica sala de estar com sofás e TV. A premissa de cada história é também muito simples, tudo se desenrola à volta de um único acontecimento.
Na primeira história (Ana Bento e João de Brito interpretam) uma rapariga vai visitar o rapaz que atropelou mortalmente o namorado. Chega cheia de raiva, apelidando-o de assassino, mas progressivamente os dois vão-se aproximando a despeito do que os afasta. A rapariga sente-se perdida sem um namorado, diz que “uma mulher sozinha não pode fazer quase nada, acompanhada é diferente.” O rapaz, um estudante que descarrega carne de madrugada para pagar as contas, sente-se excluído quer pelos rudes companheiros de trabalho, quer pelos colegas de escola. Juntos, tentam encontrar pontos comuns ainda que não estejam sequer de acordo quanto à altura mais bela do dia. Ele diz que é o amanhecer quando passeia no cais depois de acartar com as peças de carne. Ela diz que que é o anoitecer, o único momento em que a paz está garantida.
Na segunda história temos um casal muito diferente (brilhantes Jorge Silva e Sofia de Portugal), marido e mulher confortavelmente instalados a assistir um filme na TV. O marido fica com um pé dormente, coisa que acontece a toda a gente, só que em vez de passar quando ele tenta repetidamente acordar o pé, a coisa alastra até à paralisia total. A mulher, que começa por reagir com indiferença, vai-se adaptando rapidamente assim que percebe a gravidade da situação. Está disposta a fazer tudo por ele e só lamenta que não tenham feito amor uma última vez. Tão felizes que eles eram e não sabiam.
America, Suitamérica termina hoje as apresentações nos Recreios da Amadora, seguindo depois para o Cineteatro D. João V, na Damaia ( 29 de Junho a 3 de Julho).
Beijinhos a todas,
Céu
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