Queridas Senhoras,
numa passagem de um livro que li recentemente, falava-se da figura da «testemunha» como alguém que, não fazendo parte do nosso dia-a-dia, faz parte da nossa vida, alguém que nos acompanha de longe, que encontramos de tempos a tempos e que parece «testemunhar» momentos de viragem. A Marta Ribeiro é minha «testemunha». Os nossos caminhos cruzaram-se um dia e nunca mais se afastaram. Recordo com muita nitidez um encontro casual na Marquês de Tomar, manhãzinha cedo, há mais de um ano. A Marta foi uma das primeiras pessoas a quem disse que ia ficar desempregada. Senti esse impulso de desabafar o que prova que ela é minha «testemunha». Senhora da nossa idade, querida amiga, blogger, copywriter e jornalista recém-regressada à terra de origem (Santarém) para viver e trabalhar num jornal regional, a Marta é um achado. Quero continuar a encontrá-la para sempre.
1. O que está a ler neste momento?
A História do Novo Nome de Elena Ferrante.
2. O que leu antes e o que vai ler a seguir?
Numa viagem de comboio li O Segredo, um conjunto de contos de vários autores que têm em comum revelarem «mistérios, verdades, horrores, vidas, arte e sentimentos», editado pela Cavalo de Ferro. Há contos de Gonçalo M. Tavares, Richard Zimler, Ana Nobre de Gusmão, entre outros. Antes tinha lido A Amiga Genial, também de Elena Ferrante. A seguir ainda estou indecisa se continuo a saga com a História de Quem Vai e de Quem Fica ou se leio uma das últimas aquisições da Feira do Livro de Lisboa: A Gorda de Isabela Figueiredo; A Febre das Almas Sensíveis de Isabel Rio Novo; ou O Último Homem na Torre, do autor indiano Aravind Adiga de quem já li O Tigre Branco. Na impossibilidade de viajar em breve, talvez me decida por este último autor, que tão bem nos consegue transportar nas suas palavras até à Índia.
3. Conte-nos uma memória de infância relacionada com livros
Na minha infância adorava Os Cinco, de Enid Blyton e outros livros parecidos que se chamavam Patrícia, não me recordo do autor. Em ambos, os protagonistas frequentavam colégios internos e viviam grandes aventuras. O meu grande desejo, na altura, era frequentar um colégio interno.
4. Que livros marcaram a sua adolescência?
Lembro-me de ter passado uma tarde de Verão, daquelas com um calor infernal, fechada no quarto a ler o Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Márquez, felizmente não me deu para comer a cal da parede. Também devorei tudo da Agatha Christie.
5. Um local público onde goste de ler
Gosto de ler em bibliotecas, são sossegadas. Havia uma sala de leitura excelente no centro de Santarém, com vista para o jardim. Gostava muito de ir para lá ler ou fazer os trabalhos de casa. Com a requalificação do jardim perdeu-se a sala de leitura, é uma pena. Também gosto de ler nas viagens de comboio. Normalmente são mais demoradas que as de autocarro ou metro e rendem mais.
6. O seu recanto preferido de leitura (em casa)
Em casa gosto de ler no alpendre, na cama de rede, mas confesso que tenho poucas oportunidades para o fazer. Normalmente leio na cama, antes de dormir.
7. Uma biblioteca importante para si
A tal sala de leitura no jardim, em Santarém. Penso que fazia parte da Biblioteca Municipal de Santarém. Actualmente só tenho cartão da Biblioteca de Torres Novas (Gustavo Pinto Lopes), mas todos os livros que lá fui buscar foram para o filhote. Gosto de adquirir os livros que leio, o que não é muito prático em termos de espaço. Mas gosto de voltar a eles de vez em quando. Se não gosto de algum acabo por doar. Pode ser que façam alguém feliz.
8. As livrarias que costuma visitar
Gosto da Buchholz, perto do Marquês. Mas frequento com maior frequência a Bertrand (em Santarém ou as várias de Lisboa), conseguiram fidelizar-me com o cartão.
9. Uma editora de que goste particularmente
Não tenho uma preferência marcada, até porque há autores com livros editados em várias editoras. Mas esta pergunta fez-me ir em frente das estantes procurar uma tendência. Parece que ganham a Relógio d'Água e a D. Quixote, a Caminho completa o pódio. Nos livros infantis ganham a Planeta Tangerina e a Pato Lógico.
10. Que livros gostaria de reler?
Tantos. A Morte em Veneza, de Thomas Mann, o Cândido, de Voltaire, O Fio da Navalha, de Somerset Maugham. Mas também há tantos livros que ainda não li... Tenho a sorte de ter amigos escritores e tenho alguma dificuldade em acompanhar tudo o que escrevem. Aproveito para os recomendar: Cristina Drios, Paulo Morais, Isabel Rio Novo e Carmo Miranda Machado.
11. Que livros está a guardar para ler na velhice?
Estou a guardar As Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar e Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust. Este último ainda nem faz parte do espólio.
12. Acessórios de leitura que não dispensa
Um marcador de página. Não gosto nada de ver páginas dobradas. Em breve devo ter que juntar uns óculos, infelizmente já dou por mim a afastar os livros da vista.
13. E se um livro não prende, põe-se de lado ou insiste-se?
Insiste-se só uma vez, depois põe-se de lado. Há tanta coisa para descobrir.
14. Costuma ler sobre livros? Quais são as suas fontes?
Normalmente leio o Ípsilon, do Público.
15. Uma citação inesquecível que queira dedicar às Senhoras da Nossa Idade
Li há pouco um texto de Henry Miller onde ele citava Picasso: «a juventude começa aos 60, mas já é tarde demais.» Por isso, senhoras da minha idade, é aproveitar este estágio de infância.
Beijinhos a todas,
Céu
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