Junho

Queridas Senhoras,

tenho acordado tarde aos fins-de-semana. Saio para correr já bem depois da hora habitual, com o calor a apertar. Tenho sentido o cheiro da erva seca, está aí o Verão e mal dei pela sua chegada. Já tive desejos de rio, de tardes quietas de muito calor e mergulhos de olhos abertos. Das multidões veraneantes nas praias penso com alguma apreensão.

Leio e releio o trabalho sobre os diários da Ivone Mendes da Silva, corto uma palavra aqui, substituo outra ali, tento limar os adjectivos e descartar os lugares-comuns (não sei escrever sem eles). É evidente que entregarei o trabalho no último minuto possível e até lá continuarei a reescrever. É difícil separar-me do texto e ainda mais dar-lhe uma forma definitiva.

A leitura destes diários pôs-me em contacto com muitas das minhas próprias obsessões, irritações, escolhas. Os grupos barulhentos e as conversas alarves são realmente uma coisa muito incómoda. Daí que me assuste um pouco ao pensar no Verão das praias e das multidões, e anseie pelo rio. Pelo feed já se começa a postar e repostar as caricaturas da época estival. Mas o algoritmo conhece-me, pois por estes dias apresenta-me continuamente a viagem de uma blogger pela serra da Estrela, o que me deixa a suspirar por aldeias, caminhos e praias fluviais.

Pelo meio de Junho serei vacinada. A ver vamos por onde corre o Verão.

Amanhã entregarei o trabalho e talvez para a semana eu já tenha outro assunto.

Até lá,

Céu

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