Queridas Senhoras,
leio a crónica deste domingo do Joel Neto que cita o Miguel Esteves Cardoso que cita Robin Lane Fox, um intelectual que vive no countryside inglês e escreve, tal como os outros dois, sobre a vida no campo (é correspondente de Jardinagem para o Financial Times: não se pode ser mais british do que isto!). JN escreve desde os Dos Caminhos, ilha Terceira, MEC desde Almoçageme, Colares. Todos adoram e enaltecem a vida rural, desde que não venham com modernices.
Ora, para queremos o nosso countryside intocável, não é preciso ser escritor ou intelectual. Basta ser um tanto egoísta e isso, graças a Deus, somos todos. Robin Lane Fox teme o aumento dos preços e a chegada do cappucino aos cafés da sua aldeola. Percebo-o perfeitamente, eu também não quero sunset parties na praia fluvial da Aldeia Viçosa. Não quero cocktails e tapas, podem ter a certeza. Se o bar tiver que servir alguma coisa para além de café, cerveja e amendoins, que sejam biscoitos amassados na terra, sandes de pão centeio com presunto e queijo da Serra.
O sunset já é foleiro que chegue em Lisboa ou Vilamoura mas na Aldeia Viçosa é simplesmente... embaraçoso. Quero a minha aldeia exactamente igual ao que sempre foi, fazendo sobressair e valer-se daquilo que a torna única e especial. No restaurante não quero carpaccio de bacalhau, quero lagarada à moda do Mondego, ainda com reminiscências dos antigos lagares, de preferência com uma ementa cuidada que refira a origem dos pratos, que conte a sua história. Quero farófias para sobremesa e arroz doce à moda da aldeia.
(E, sim, chegámos àquela altura do ano em que já só falo da aldeia e do rio Mondego).
Beijinhos a todas!
Céu
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