Queridas Senhoras,
a nossa segunda convidada invadiu, no último ano, o espaço literário português. O fenómeno chama-se A Gorda (2016, Caminho) e foi o vencedor do Prémio Literário Urbano Tavares Rodrigues em 2017. Com este livro, Isabela chegou ao coração de muitos leitores e desmultiplicou-se em encontros e conversas pelo país fora, em escolas, bibliotecas e festivais.
Contudo, a sua estreia literária deu-se alguns anos antes com Caderno de Memórias Coloniais (2009, Caminho), sobre o qual a Marta discorreu aqui, criando ligações com a obra de duas outras autoras. A Gorda foi, entre nós, pretexto para várias conversas (aqui, aqui, aqui).
Isabela Figueiredo nasceu em Moçambique em 1963 e veio para Portugal em 1975. As memórias coloniais formam grande parte da sua matéria literária. No final de 2016, regressou a Maputo e contou a história dessa viagem no Público (Um lugar aonde nunca fui).
Senhoras e senhores, eis as generosas respostas de Isabela Figueiredo ao nosso singelo questionário.
1. Um livro seu que recomendaria a quem queira iniciar-se na sua obra.
Começar por A Gorda é o melhor.
2. Três livros / autores fundamentais na sua existência.
Esta é uma pergunta que aparece sempre. Para não me repetir, esforço-me por apontar autores sempre diferentes, mas posso já não me lembrar de entrevistas anteriores e voltar aos mesmos.
No País das Últimas Coisas, Paul Auster.
A Porta do Fundo, Christiane Rochefort.
Poemas de Álvaro de Campos.
3. Três livros que todas as crianças/jovens deveriam ler.
Gosto muito da Sophia de Mello Breyner Andresen. Penso que escreveu prosa juvenil com a mesma beleza com que escreveu poemas. Qualquer livro dela, portanto. Prosa ou poesia.
4. Um livro sobrestimado, que não merece a fama que tem.
Há uma quantidade de livros que poderia encaixar nesta categoria, mas é ingrato verbalizá-lo, porque o que não tem muito valor para mim, terá imenso valor para outros. A nível muito privado, porque ninguém vai ler esta entrevista, posso dizer-lhe que tenho muita, muita dificuldade em progredir nos volumes de À Procura do Tempo Perdido, do Proust e que nunca consegui ler a Maria Gabriela Llansol.
5. Uma sugestão cultural (filme, peça de teatro, concerto, exposição...)
Fiquemos por um filme que vi pela primeira vez há pouco tempo e que achei genial: Kill Bill, 1 e 2 de Quentin Tarantino.
6. Um programa e/ ou série de TV.
Destaco o atual Fugiram de Casa de Seus Pais, de Miguel Esteves Cardoso e Bruno Nogueira.
7. Uma livraria e/ ou biblioteca da sua preferência.
Nestas coisas sou sempre bairrista: Livraria Escriba, na Cova da Piedade.
8. Uma sugestão de leitura para as Senhoras da Nossa Idade (i.e. dos 35 em diante)
Aconselho duas escritoras que não se conhecem pessoalmente, creio, embora possam conhecer as obras mútuas. São mulheres que rasgam as convenções, algo que se faz com muito mais eficácia a partir de certa idade. A portuguesa Adília Lopes e a galega Lupe Gómez. A última não está ainda traduzida em português, mas é possível adquirir os seus livros escrevendo para a Livraria Andel, em Vigo.
Pessoalmente, fiquei muito curiosa com a Lupe Gómez. Alguém conhece?
Beijinhos a todas,
Céu
Não conheço a Lupe Gomez e tenho uma certa dificuldade com a literatura da Gabriela Llansol, apesar de gostar.
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