O que fazemos com o que vemos ou a respigadora que eu nunca deixarei de ser, para meu contentamento e cansaço


Ilustração de Michele Rosenthal / Projecto Criterion Affection


Minhas queridas Senhoras,

hoje venho apresentar-vos um recurso precioso para cinéfilos. Não sei se conhecem The Criterion Collection.

O pressuposto é simples: encontrar os melhores filmes dos quatro cantos do mundo e editá-los nas suas versões de maior qualidade, com os extras mais pertinentes. Peças de colecção, como o próprio nome indica - até pelo seu preço.

Bem, mas aquilo de que vos venho falar, verdadeiramente, é do maravilhoso mundo do site da Criterion. Um recurso precioso para cinéfilos e infómanos (uma palavra que acredito ter sido inventada por mim, até prova do contrário. A preferência deste termo em detrimento de 'infomaníacos' parece-me desnecessário justificar...)

De caminho, levanta-se ainda outra questão: 'o que fazemos com o que vemos?'  Eu respigo. Lembro-me de uma conversa, há muitos anos, com a minha amiga Sofia. Estávamos a ouvir a nossa adorada Ella Fitzgerald e eu perguntava-lhe 'Mas porque é que eu não sei cantar assim?', ao que ela me respondia 'Eu já me dou por feliz por existir alguém que cante assim para eu poder ouvir.' Sábia Sofia.

Respigo, então, o que vejo, neste caso, para um e-mail enviado ao Gonçalo com o top 10 de filmes escolhido pelos Sonic Youth; trago para aqui o top 10 de filmes escolhido pelo Anthony Bourdain, porque sei que a Céu vai gostar de conhecê-lo; leio e guardo nos favoritos a auto-entrevista de Ingmar Bergman, porque quero explorar este conceito de auto-entrevistas; vejo e revejo as Three Reasons por que a Criterion acha que o filme On the Waterfront se enquadra na sua colecção, e concordo com cada uma delas, e guardo o vídeo nos favoritos para me lembrar de verificar se me falta ver algum filme realizado por Elia Kazan ou interpretado por Marlon Brando.

Faço Gosto no facebook, junto o Criterion ao Bloglovin', e talvez por esta altura já sinta que tenha feito o suficiente. Que me tenha apropriado devidamente do manancial de informação que me foi dado a descobrir. Que não esteja a desperdiçar possibilidades.

Mas entretanto descubro o Projecto Criterion Affection, em que Michele Rosenthal se propõe a ver todos os filmes da Criterion Collection e descrever cada experiência, devidamente acompanhada de uma ilustração. Mais um para a colecção.

Beijinhos, Senhoras, bom domingo.

Marta

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