Mais um book report (mas o meu é ante-férias)

Queridas Senhoras,

vem a Céu de férias com quatro livros na bagagem e estava eu a preparar-me para falar dos últimos dois que li, fruto das nossas trocas, e dos que tenho alinhavados para os próximos tempos.


Em Parte Incerta, de Gillian Flynn, foi-me emprestado pela Céu (obrigada!) e ninguém como ela para descrevê-lo. Foi muito agradável voltar ao registo policial, acho que não lia nada do género desde a Agatha Christie. E gostei, mas confesso que nada, para mim, bate a Agatha Christie. Há qualquer coisa no suspense com cheiro a naftalina e madeira encerada que me delicia. Mas, voltando a este fresquíssimo livro, aqui ficam alguns dos trechos que me falaram mais alto:

'Não me consigo lembrar de uma única coisa espantosa que tenha visto em primeira mão e que não tenha relacionado de imediato com um filme ou um programa televisivo. Ou com um maldito anúncio.(...) Trabalhamos todos a partir do mesmo guião já muito batido. É um período muito difícil para se ser uma pessoa'
'Lembro-me de ficar sempre desconcertada com as outras crianças. Ia a uma festa de aniversário e via os outros miúdos a rir e a fazer caretas, e tentava fazer a mesma coisa, mas não compreendia porquê.'
'Sou um óptimo marido porque tenho muito medo que ela me possa matar.'

A Sala de Vidro, de Simon Mawer, chegou-me via Susana (obrigada!) e com a melhor das recomendações. É, de facto, um livro belíssimo, uma história dorida, em que ninguém tem direito a ser fundamentalmente feliz. O cenário é o da Segunda Guerra Mundial e a protagonista é uma casa, especialmente uma sala da casa, a sala de vidro, espectadora privilegiada dos amores, enganos e horrores que por ali vão passando. Tem muitas passagens a assinalar, mas esta impressionou-me tanto, ao lê-la, que vou destacá-la a solo:

'Porque é que suspeita tanto de mim, Laník? Não estou interessado em seguir-lhe a pista ou qualquer outra coisa. Investigação científica, é a razão porque estou aqui. Antropologia. Biometria. A medição do homem. Você, Herr Laník. Nós vamos medi-lo. E dizer-lhe se é judeu.'

Agora, estou numa ilha. Mesmo que eu não as procure, elas encontram-me. A Ilha de Arturo, de Elsa Morante, foi prenda de aniversário da minha querida amiga Maria João (orgulhosa mamã do Tiago, há um mês e meio). Depois envio notícias. E, para as férias, que terão lugar na primeira quinzena de Setembro, um clássico há muito na minha wish list: Moby Dick.

Boas férias, bons trabalhos, beijinhos a todas

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