Um refúgio rural à maneira da Marta (com xisto e rio)

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Queridas Senhoras,

quando eu e a Marta trabalhávamos juntas, fazíamos um jogo que era assim: ela andava pelo país a descobrir paraísos rurais, com restaurantes de aldeia e casinhas à beira rio; eu ficava no escritório a morrer de inveja.

Ela chegava e dizia “ai, Céu, nem imaginas.” Outras vezes era “nem queiras saber o que eu descobri!” E eu já sabia que a seguir vinha a descrição de um refúgio que era tudo o que eu ansiava, desde o cheiro do pão cozido em forno a lenha ao rumorejar das águas de uma ribeira que haveria de passar perto. Um sítio gerido carinhosamente por gente da terra, com origens na terra ou fugida da cidade em direcção ao sonho que tantos de nós sonhamos.

Pois bem, queridas Senhoras, este fim-de-semana caiu-me no colo um desses refúgios da Marta, tal e qual.

A Casa Ti Augusta fica numa casinha de xisto na aldeia da Figueira, Proença-a-Nova, que faz parte da rede das Aldeias de Xisto. Ao lado do restaurante há outra casinha para alojamento. Ao centro há uma esplanada. A foto que coloquei não é minha pois nunca as minhas fotos fariam jus ao local. Esta sim. É bem real, não é fabricada. E eu estive ali na noite de sábado. O problema foi vir embora (não fiz reserva para dormir, só para jantar).

Ah, e Marta, há um forno comunitário a lenha onde a boa gente da Casa Ti Augusta coze o pão duas vezes por dia. A ementa foi buscar as receitas tradicionais da região e até algumas da própria aldeia como o Afogado da Boda que eu estive tentada a experimentar. Mas depois de comer meio do dito pão com umas azeitoninhas temperadas que só Deus sabe, com o chouriço, o queijo, o toucinho, optámos, prudentemente, por seguir o conselho da senhora e ficar apenas por um prato (o mais suave bacalhau na brasa com batata a murro e couves).

Depois de jantarmos entre as paredes de xisto, pedimos para tomar o café cá fora, na esplanada. Vieram os cafés com uma tigelada cozida no dito forno. Dá para acreditar? E veio ainda um medronho para acompanhar a noite cálida. Éramos os únicos na esplanada, só nós, um gato e um cão. E mais um senhor da aldeia a tomar o fresco no balcão, se fresco houvesse.

Ah, e já vos disse que antes de irmos jantar à aldeia da Figueira, passámos a tarde na Fróia, ali a dois passos?

E isto foi só metade do dia de sábado (é incrível o que é possível fazer sem crianças em apenas dois dias!)

Beijinhos a todas,

Céu

 

Comentários

  1. Tenho muitas vezes saudades desse nosso jogo, dessa parte boa dele. Mas vamo-nos mantendo em campo, noutros campos, verdade? :)

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  2. [...] ano passado fiz um fim-de-semana na zona das Aldeias do Xisto sobre o qual escrevei brevemente aqui. Nesses dois dias andei pelos concelhos de Vila de Rei, Proença-a-Nova, Mação, Sertã e Oleiros, [...]

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