Queridas Senhoras,
hoje fui com a Alice ver A Cruzada das Crianças, uma peça que esteve em cena no Centro Cultural de Belém apenas este fim-de-semana. O texto é do Afonso Cruz e a peça, uma co-produção do CCB e da Gato que Ladra, faz parte do Programa para Festejar a Democracia – 40 anos.
Tinha reservado bilhetes com antecedência para não perder esta oportunidade, curiosa especialmente por causa do texto. Nunca li nada do Afonso Cruz mas tenho acompanhado o sucesso dele e sei que também escreve para crianças.
Fiz bem em acautelar os bilhetes pois, ao que sei, as poucas sessões esgotaram. A Alice gostou deste espectáculo como de poucos que viu até hoje. Pelo canto do olho, via-a sorrir, deliciada. Como sempre acontece nas melhores peças para crianças, elas divertem-se e os pais levam no que pensar.
Três crianças brincam e às tantas põem-se a reclamar. Querem coisas tão simples como mais felicidade, casas para todos ou um Pai Natal para África.
Algumas pérolas do texto que partilho aqui:
- Devíamos substituir os espelhos por janelas!
- Porquê?!
- Para olharmos mais para os outros e menos para nós!
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- A minha amiga Maria diz que os super-heróis não deviam ser só pessoas cheias de músculos.
- Então? Quem é que devia ser super-herói?
- Ora! Toda a gente. Médicos, mecânicos, professores, advogados.
- Advogados?!
- Sim. E desempregados!
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- Os lugares deviam ser mais perto.
- Que lugares?
- Todos! Deviam ser mais perto uns dos outros. Mesmo aqueles que são perto estão demasiado longe. Por exemplo, os velhinhos demoram muito a lá chegar.
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(a fingir que é um hospital e o cirurgião está prestes a fazer uma operação de coração aberto)
- Enfermeira, passe-me a chave.
- Mas o que vai fazer, doutor?
- Vou pôr um coração maior. São precisos corações maiores.
- Maiores, doutor? Para quê?
- Para caber mais gente.
Beijinhos a todas,
Céu
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