Uma barrigada

Queridas Senhoras,

no próximo sábado à tarde há um encontro Flanzine no Porto, como podem ver na imagem. Já houve também em Lisboa e em Almada, e aguardo a confirmação de outros agendamentos.

A Flanzine, para quem ainda não conhece, é uma publicação trimestral de textos e imagens originais. Os autores são escolhidos, é-lhes apresentado um tema e a partir daí se vai construíndo este mosaico. O número 10 menos um faz-se de variações sobre a Odisseia: o ponto de partida proposto a cada um dos participantes foi uma frase da obra de Homero.

Também estou a bordo, desta vez, e calharam-me as palavras de abertura: «Fala-me, Musa, do homem astuto que tanto vagueou».

Convido-vos a saborear estas páginas (assim como as das edições anteriores). Podem encontrá-las à venda em vários locais ou encomendar uma fornada por email (já agora, a assinatura anual é ainda mais doce e só custa 17,5 euros).

Deixo-vos algumas linhas, apenas, começando pelo meu texto e prosseguindo com alguns dos meus preferidos:

«Penélope confiou o seu destino à certeza de que a memória guiaria os seus dedos no fazer e desfazer da teia. Mas Penélope nunca ouviu Björk revelar que o Diabo recolhe acintosamente os novelos destecidos. Quando Ulisses recuperou o lugar a seu lado, o preço do peixe subira para o dobro e o Desportivo de Ítaca descera de divisão.»
Marta Ramos

«quando me subiste, nome adentro, pelo corpo
vieram todos os homens contigo.»
Eliana Bernardes

«- mas por que raio é que queres cortar um braço afinal?
- porque ele não me pertence. para além disso tenho fome, e a pequenita também - apontou para a criança esquelética que brincava no tapete de pó sobre o chão da sala - tu não tens?»
José Anjos

«Tudo é alegria, porque tudo está fora dos eixos. A nossa vida está em suspenso. Momentaneamente, a nossa vida é ir visitar as vidas dos outros. Uma espécie de arma de caça submarina.»
Paulo José Miranda

«Um canalha Gémeos
lê o horóscopo
e decide -
viverá no Sul.»
José Luís Costa

São servidas(os)? Abraço,
Marta