Rooftop

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Queridas Senhoras,

ontem tinha encontro marcado com a Paula que anda por cá ainda em vacances. Ela queria um terraço desses da moda, como qualquer diva gosta e merece. Sugeri a Madame Petisca, em Santa Catarina. As fotos são lindas e maravilhosas. Lisboa. Tejo. Sunset. Essas cenas todas.

Sou a primeira chegar. Isto depois de ultrapassar com sucesso a prova inicial que qualquer rooftop que se preze exige (a saber, como chegar lá acima, numa conjugação de elevadores, espelhos mistificadores, portas e passagens). Uma banal segunda-feira de Setembro que mais parecia um cálido final de tarde de Junho, a avaliar não só pela temperatura como pelo bando de gente nas ruas (Príncipe Real, Bairro Alto, Chiado, perfeitamente imunes à neura do fim de férias e do regresso ao trabalho.)

Há uma única mesa livre que um grupo acaba de abandonar e sento-me de imediato para garantir que a Paula, se chegar a horas, tem direito ao seu sunset a ver navios no Alto de Santa Catarina. Dentro e fora há várias pessoas já a jantar (a minha mesa também está reservada mas deixam-me ficar até que cheguem os donos). A mesa está suja, com migalhas pegadas. A empregada anda por ali, passa meia-dúzia de vezes e não lhe ocorre limpar a mesa. Traz a bebida que pedi e serve-a sem limpar a mesa. Que fazer? O sítio é tão simpático, a vista é tão bonita. Dou por mim a não querer chatices, pronta a desculpar várias falhas mas... a mesa suja não é demais? E eis que finalmente a rapariga aparece com um pano e detergente. Respiro de alívio.

Entretanto outro empregado conduz um casal para uma mesa no centro do terraço. E vai explicando que "este é um restaurante de petiscos, os pratos não vêm todos ao mesmo tempo, vão chegando para as pessoas terem tempo de saborear a comida, a vista, a companhia, a música, o vinho". Juro. O rapaz, imberbe, com a barbicha da praxe, debitou o "conceito" do local assim mesmo, em jeito de cartilha, explica-me-como-se-eu-tivesse-5-anos o que se faz aqui. Não sei se o casal se entreolhou (estavam de costas para mim), género “duh!”, mas daí a pouco estavam de facto a trocar um beijo, saboreando a vista e a companhia. Perceberam a ideia.

Esta história está quase no fim, o objectivo é só contar o final de tarde num dos rooftops da moda da cidade. A Paula chegou. O grupo que vinha para jantar também. Passámos para outra mesinha, correu tudo bem. Não nos mandaram embora. Também não sugeriram que jantássemos. Prudentemente, achámos que seria melhor ir jantar a outro lado. Aquela história de os pratos “irem chegando” e não sei mais o quê, podia dar para o torto. E para tarde.

(A Paula tirou algumas fotos mas não ficaram grande coisa. Esta é a menos má. Sabe lá ela usar filtros. E tal. )

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Descemos e temos mais duas divas à nossa espera. Deixamos os rooftops sossegados e atravessamos para a Calçada do Combro. Lá está o Sinal Verde, um restaurante acolhedoramente português, com pratos do dia e uma logística simples. Não tem vista mas a comida chega toda ao mesmo tempo. E ninguém nos sugere desfrutar da companhia.

Beijinhos a todas!

Céu

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