Poço dos Negros

 

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 Foto: La Argentina, Rua do Poço dos Negros, nº 168

Queridas Senhoras,

bem sabem como adoro descobrir que zonas da cidade estão a mexer, com sítios novos e coisas a acontecer. Dentro das minhas limitações e contornando as embirrações dos miúdos, que simplesmente detestam estes passeios (já não disfarçam: é guerra aberta), lá vou conseguindo, de vez em quando, dar uma espreitadela.

Ontem, primeiro domingo do mês, ocorreu-me que seria boa ideia aproveitar a entrada gratuita nos museus que está agora reservada a este dia. A escolha recaiu no novo Atelier-Museu Júlio Pomar (embora neste caso a entrada seja sempre livre) que me pareceu um local interessante a visitar, numa zona da cidade que, lá está, tenho ouvido dizer que está a mexer muito.

O museu fica num bonito edifício (um antigo armazém do séc. XVII) na estreita Rua do Vale, perpendicular à Rua dos Poiais a São Bento, paralela à Rua do Poço dos Negros, um enclave situado, sensivelmente, entre São Bento e o Alto de Santa Catarina. Apesar do parco conteúdo expositivo (as exposições mudam regularmente e por vezes há actividades incluindo para crianças), gostámos da arquitectura e do desenho do espaço.

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Subimos ao Miradouro de Santa Catarina para ver as vistas (não há, talvez, nada que os miúdos mais detestem do que ver as vistas, em especial sobre o rio) e demos com as habituais tribos de jovens e turistas que frequentam o local, em plena prestação de tributo ao Sol e ao Tejo, ao ritmo do reggae e da ganza.

Descemos novamente e fomos desembocar na Rua das Gaivotas. Aqui abriu recentemente o Polo Cultural das Gaivotas, um equipamento da Câmara Municipal dedicado à comunidade artística, com residências e salas de ensaio. Um largo portão verde dá acesso a uma aprazível esplanada pertencente à cafetaria vegetariana Água no Bico.

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Na porta ao lado fica o Rua das Gaivotas6, o também recente espaço do Teatro Praga onde já no próximo fim-de-semana (11-13 de Março) se realiza mais um encontro da série O QUE UM LIVRO PODE, dedicado ao tema O livro para a infância como livro de artista.

Regressamos ao Poço dos Negros. A artéria está bem servida de todo o género de serviços e, mesmo num pacato domingo à tarde, há vida e movimento. O Irreal é café bar, galeria de arte, espaço cultural; a mesmo descrição aplica-se ao Clube Royale; a Taberna Madeirense, mercearia e casa de petiscos; a curiosa Companhia Portugueza de Chá; a vetusta Livraria Alfarrabista Avelar Machado (140 anos feitos); a Antiga Ervanária do Poço NovoLa Argentina, casa de doces e salgados aberta o ano passado; e o projecto mais querido que se possa imaginar, julgo que o conhecem bem: A Avó Veio Trabalhar.

Para dinamizar tudo isto, há uma associação, a Rés do Chão que se têm empenhado na reabilitação dos espaços e impulsiona um “novo bairro” . É o Triângulo, cujos vértices tocam os bairros de São Bento, Santos e Bairro Alto.

No primeiro sábado do mês realiza-se também por aqui a Feira Vizinha (entre as 10h e as 18h, no Largo Dr. António de Sousa de Macedo e a Travessa do Poço dos Negros) que traz os comerciantes da zona para a rua.

Fiquem ainda com esta história sobre a origem do topónimo Poço dos Negros e com um convite: que tal um jantar no caboverdianao Tambarina? Fica no nº 94.

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Beijinhos a todas, boa semana!
Céu

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