Queridas Senhoras,
estão sempre a abrir sítios novos na cidade. Eu sei porque vejo nas revistas, recebo informação e também porque ando nas ruas e vejo aqueles lettrings quase sempre iguais que os sítios novos têm (não sei se encomendam todos ao mesmo designer especialista em sítios novos).
Às vezes, ando pelas ruas propositadamente à procura dos sítios novos, os cafés, os restaurantes, os bares, os hostels, as galerias, as barbearias revivalistas com nomes catchy e conceitos “diferentes” embora os lettrings sejam todos muito parecidos. Mas enquanto tento localizar os sítios novos, saltam-me à vista os sítios velhos. Os vidros sujos, as montras tapadas com cartão ou papel de jornais que até podem já não existir, as grades descidas a meio do dia, a ementa dos pratos de um dia já longínquo.
Há Cozido.
Há Caracóis.
Os sítios novos têm flores à porta, escrevem o menu a giz numa ardósia, têm esplanadas giras, pátios e terraços. Os sítios velhos, aqueles que são só velhos e não históricos, não têm nomes originais mas o que está inscrito nos toldos encardidos e esfiapados inspira confiança, soa familiar.
Flor do Bairro, Adega do João, Salão Lena.
Os sítios novos aparecem todos os dias nas revistas, nos sites e nos suplementos de lifestyle. Os sítios com 100 anos também têm destaque garantido, a imprensa adora lojas centenárias. Mas os sítios que são só velhos, que fecham as portas por falta de clientes, acumulação de pó e dívidas, também deixam saudades.
Estrela da Avenida, Retiro do Largo, Barbearia Lemos.
Beijinhos a todas,
Céu
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