Queridas Senhoras,
- Sabes o que é que tu és? Começa por f.
- Falhado?
Ooooooooooo. Estava nos mimos com o João quando ele se sai com esta. Falhado??? Onde raio é que ele foi buscar esta palavra. Quer dizer, nós lemos muitos livros, eles têm um vocabulário excelente mas há palavras que soam estranhas ditas por uma criança de seis anos (o que ele é, é “fofo”, já agora).
Claro que me fez confusão aquela palavra por causa da carga que lhe está associada, não necessária e totalmente negativa. Falhado é toda uma categoria, é um sub-género literário e cinematográfico. Os losers são anti-heróis clássicos. Mas acho que não era bem a isso que o João se estava a referir.
Quando tentei sacar-lhe mais informação, ele balbuciou qualquer coisa sobre ter falhado na escola. Disse que todos os dias da semana estavam a correr mal (!), que amanhã era quinta e lá íamos nós outra vez, como se estivesse à espera de mais azares. Como um autêntico loser.
Indaguei mais um pouco e lá se descaiu que há um miúdo que lhe dá pontapés na mochila e tal. Isso e mais os falhanços nas contas ou nas leituras.
Nestas situações, naqueles três segundos que tenho para pensar, esqueço de repente tudo o que dizem os manuais, os blogues e as minhas amigas entendidas em parentalidade. Viajo dos 6 aos 40 anos e recordo as micro-agressões, as pequenas humilhações, as piadinhas. E, estupidamente, fico meio paralisada a tentar articular duas ou três frases feitas - não temos que acertar sempre, não podemos ser bons em tudo, é a errar que se aprende.
Mas o que está na minha cabeça é: como é mesmo que nos defendemos?
Catarina, ajuda-me!
Ao longo da vida todos somos vítimas ou perpetradores de humilhações quotidianas, ninguém está a salvo. É fácil cair no bullying. Às vezes, só para conseguir uma boa piada, para fazer os outros rir, magoamos alguém, tal e qual fazem os meninos de seis anos. Já repararam como isso é recorrente, entre colegas, amigos, familiares? Até o Presidente da República o faz.
Por isso, como é mesmo que nos protegemos dos ataques? Como é que nos estruturamos desde pequenos para aturar os bullies desta vida, que vamos encontrar na escola, no trabalho, por aí.
Catarina, help!
Beijinhos a todas,
Céu
Para acabar de vez com o B...ing
ResponderEliminarPasso 1 acabar com a palavra
Passo 2 trocar por "meter-se com"; as coisas em inglês propagam-se como pólvora, porque bitaites em inglês é "trendy", (lá está!). Tipo bora lá fazer um B...ing, não é que me apeteça, mas eu tb quero entrar na onda, e com sorte, até apareço na televisão.
Passo 3 quando o mesmo "meter-se com" for ofensivo à primeira ou se tornar repetitivo embora não assim tão ofensivo,usar o método mais adequado â nossa personalidade ou situação:
-pára com isso
-um dia destes vou apresentar-te o meu Avô , (ou Pai, ou Marido,ou Irmão)
O meu método preferido não passou na censura,por isso não o publico.
Mas atenção à gradação do "meter-se com":
Quando vou esperar a Alice à escola, "meto-me com" as suas duas colegas e amigas que sempre a acompanham: " Olá Princesas". Elas sorriem. E nunca me ameaçaram com os seus Avôs.