Querida Mariana,
que tal essas mudanças? Precisas de ajuda? O que for preciso para que regresses aqui o quanto antes... :)
Esta manhã, depois de mais uma noite muito, muito mal dormida, fui levar o Francisco à creche e o Gonçalo ao trabalho. E depois perguntei-me: onde me irei levar a mim? A resposta produziu-se imediatamente no meu cérebro enevoado-powered-only-by-caffeine: às finanças, claro! Isto, segundo os conselhos da Ângela e da Sandra, que eu levo sempre muito a sério:
O professor Mihaly Csikszentmihalyi da Universidade de Chicago, dedicou mais de 30 anos ao estudo da felicidade. Quando terminou os seus estudos iniciais, foi entrevistado por um jornalista que lhe pediu para resumir as conclusões do seu documento de duas mil páginas. Depois de pensar um pouco, disse: "Todos os dias, as pessoas felizes fazem pelo menos uma coisa difícil".
Ok, então vamos lá tratar do número de contribuinte do garoto. Graças à sugestão do Gonçalo, fui à Loja do Cidadão em vez de ir à repartição de finanças propriamente dita. Estacionei no sítio do costume, entrei, tirei senha, sentei-me, li as primeiras páginas de «Uma Viagem à Índia», de Gonçalo M. Tavares, e ainda não havia chegado ao fim do prefácio de Eduardo Lourenço quando fui chamada. Ah, e tal, já está. Perfeito. Agora, venha de lá essa felicidade.
Já que estava na baixa, aproveitei para dar a minha voltinha preferida. Rua da Louça: paragem na sapataria Caravela, que ainda está em saldos, para comprar os sapatos de que o Francisco está mesmo a precisar para dar largas às suas investidas bípedes. Abrandamento para inspirar o perfume da belíssima banca de frutas da mercearia de Maria Alice Ribeiro. Novo abrandamento para namorar os biscoitos caseiros e os chocolates artesanais na montra da Gourmet Glamour. Desaguada na Praça 8 de Maio, uma breve incursão na Ferreira Borges para comprar as revistas do costume na pequena papelaria de vão de escada do costume. Abrandamento para escutar o trio de cordas que deslumbra os transeuntes. Meia volta, uma mesa à janela no Café Santa Cruz para folhear a Ler. Ler na Ler que foi anteontem lançado em Portugal o último livro de Vila-Mattas. Regresso à Ferreira Borges para uma espreitadela numa das minhas livrarias preferidas que, não, ainda não tem, estas coisas levam alguns dias, lá para a próxima semana.
Não há tempo para mais, com isto tudo é quase hora de almoço e tive uma ideia. Regresso ao estacionamento. Abrandamento para ouvir mais um pouco do concerto daquele enigmático trio de sexagenários-possivelmente-belgas. SMS: vamos almoçar ao vegetariano? De carro até Celas. Até consegui estacionar logo à primeira, esta é que me surpreendeu. Almoço com o Gonçalo, raro, no terraço do Greenside: caldo verde, tofu à D. Amélia, sumo natural de ananás, delicioso, 4,90€ por pessoa.
E pronto. São 13h30, vou regressar ao meu artigo sobre alimentação infantil e estou tremendamente bem-disposta.
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Beijinhos
Marta
Querida Ana Marta, Hoje deixei-me ir contigo neste passeio algo melancólico pela baixa de Coimbra, como se caminhassemos lado a lado e alguma tagarelice fizesse desvendar o que são os pensamentos, afinal, das senhoras da nossa idade... E já que o mote é a felicidade, e como se descobre nas pequenas sementes que a vida vai semeando à nossa frente, num pequeno carreirinho bem à nossa frente, quero dizer-te que muita dessa felicidade a encontro nesses prazeres, aos quais nem sempre dedicamos o tempo necessário e urgente, porque teimamos em viver a vida apressadamente, insensivelmente, com toda a lógica invertida. A esse propósito, ouvi o meu filhote de 7 anos dizer-me que "há pessoas que vivem obcecadas em encontrar uma explicação lógica para tudo! "(Gui dixit), numa conversa sobre a vontade de continuar acreditar em fadas dos dentes, mesmo quando todas as evidências apontam para grandes coincidências com as mães. E isso fez-me sentir poderosa! Afinal, se ele quer acreditar, é porque o faz mais feliz. Assim é a felicidade. Fazer uma coisa dificil, porque nos mantém alerta e com todos os sentidos activos. Saborearmos o subtil sabor da vitória, pelo obstáculo ultrapassado, e depois ... A beleza de nos deixarmos envolver por todas as coisas que contribuem para o nosso bem estar e que estão mesmo ao alcance da nossa mão. Como um passeio com uma amiga.Como este momento de partilha.Obrigada... beijinhos, Pat
ResponderEliminarQuerida Patrícia, espero que te juntes a mim mais vezes, em próximos passeios. E traz o Gui (nós bem precisamos de uns banhos de sabedoria, na nossa idade...)Beijos!
ResponderEliminarQuerida Ana Marta, És mesmo muito querida! È com muita alegria que te acompanho nestes caminhos e outros que hão-de vir, assim o espero ... tenho um sorriso para ti! obrigada por teres acolhido o comentário do Gui, é que esta criança faz -me sentir abençoada sempre que me presenteia com os seus abraços e com as suas palavras sempre muito oportunas e maduras para a sua pequena idade. É um conforto. Um dia levo-o até ti. Beijinhos amigos. Pat
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