Duas horas para gerir (e cara alegre!)

idonthavetime

 

Queridas Senhoras,

aviso já que gostaria de escrever mais sobre este assunto, um texto mais estruturado e sustentado, mas não tenho tempo. Sei que é mais ou menos proibido utilizar esta desculpa tão esfarrapada, reveladora de falta de organização e ausência de um sentido claro dos nossos objectivos. Mas pronto.

A propósito desta reportagem sobre o minimalismo, através da qual cheguei a este blogue de que gostei logo muito, e a propósito de mil outros artigos, blogues, textos, livros sobre este e outros temas à volta disto – viver com menos, ter mais tempo, gerir melhor o tempo, etc. etc. – o que se passa é: eu leio sempre tudo cheia de energia e boa vontade; algumas coisas já eu faço intuitivamente (levantar-me cedo, fazer exercício, andar muito, evitar sítios cheios/barulhentos/confusos, não perder horas a ver TV, etc. etc.).

Mas o que me ocorre sempre que leio sobre estes assuntos é que, saindo de casa às 8h30 e regressando às 19h30, não sobra grande tempo para gerir, não é? Cada vez me parece mais absurdo estar 11 horas fora de casa, nove delas presa a um horário de trabalho (com pausa para almoço, claro). Mas alguém acredita que é por estarem oito horas enfiadas num escritório que as pessoas trabalham mais? Bebem mais cafés, isso sim. Fazem reuniões pouco eficazes e muita conversa fiada.

Continuando o raciocínio, se estamos 11 horas fora de casa, pelo menos, se temos de reservar sete para dormir, não sobra grande coisa para gerir, pois não? Muito menos se formos ver bem o tempo que sobra depois de descontadas as lides domésticas e higiénicas. Bem contado devemos ter para aí duas horas para gerir. Bem aproveitado ainda dá qualquer coisa.

Sim, sei que tenho de definir prioridades, eliminar o que não interessa, focar-me nos meus objectivos, saber o que quero atingir em cada um dos papéis que assumo. Mas esta organização do trabalho e da vida parece-me cada vez mais disparatada. Embora agora também seja tabu falar sobre isto, porque pelo menos tenho um emprego e não me posso queixar.

Por isso mais vale estar quietinha e esticar muito bem esticadinhas aquelas duas horas livres.

Beijinhos a todas

Comentários

  1. Querida Céu,

    pois, é tudo tabu, não é? Do meu lado, é o facto de trabalhar em casa, de ser freelance, de não saber bem como ou quando dizer não, de me ver cheia de tarefas até à medula e sem tempo (nem dinheiro que se veja). Mas parece mal queixar-me, porque sou dona e senhora do meu horário.

    Somos um país de melindrosos! :)

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