Focada, dedicada, atenta

marta

Retrato por Maria João Arnaud



Queridas Senhoras,

esta manhã vinha no comboio a ler o jornal e dei com uma citação que me fez de imediato pensar na Marta. Tem tudo a ver com questões que já tantas vezes falámos aqui: o que fazemos do nosso tempo (e espaço), como não perder o foco, não nos distrairmos do essencial, etc.

Gosto muito também daquela frase, não me recordo de quem é, que a Marta já citou mais do que uma vez, que diz qualquer coisa como “o que fazes dos teus dias é obviamente o que fazes da tua vida” (Marta, corrige-me se não for isto).

Vou já colocar o excerto que li de manhã mas o propósito deste post é também dar os PARABÉNS! à Senhora Marta por ter enviado a tempo a história para o concurso de literatura infantil.

Por não se ter acomodado. Por não ter arranjado desculpas (e como é fácil arranjar desculpas nossas Senhoras!). E, o que é mais notável, por não ter feito o trabalho à última da hora, em cima do joelho. Como ela própria sublinhou, o conto foi escrito com tempo para revisões apuradas e acertos finais. Se lhe juntarmos o amor, a dedicação e a atenção, parece-me que temos vencedora, dê lá por onde der.

Venha então a citação que dedico à Marta por (continuar a) ser um exemplo e uma inspiração:

"Procede deste modo, caro Lucílio: reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. Convence-te de que as coisas são tal como as descrevo: uma parte do tempo é-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo é o tempo desperdiçado por negligência. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte não agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente.

Podes indicar-me alguém que dê o justo valor ao tempo aproveite bem o seu dia e pense que diariamente morre um pouco? É um erro imaginar que a morte está à nossa frente: grande parte dela já pertence ao passado, toda a nossa vida pretérita é já do domínio da morte!

Procede, portanto, caro Lucílio, conforme dizes: preenche todas as tuas horas! Se tomares nas mãos o dia de hoje conseguirás depender menos do dia de amanhã. De adiamento em adiamento, a vida vai-se passando.

Nada nos pertence, Lucílio, só o tempo é mesmo nosso."

In Cartas a Lucílio, Séneca

Beijinhos a todas!

Céu

Comentários

  1. Obrigada pela partilha da citação, Céu, é preciosa. Quanto ao resto, é uma luta diária, aliás, horária, e muitas das vezes perco. Desta vez não, é um facto, e sinto-me mesmo bem por isso.
    E sinto-me ainda melhor ao ler estas coisas bonitas que dizes de mim. Não sei até que ponto são merecidas, mas, vá, tu és uma moça sensata, vou acreditar que há nisto algum fundo de verdade :)
    Beijinhos grandes

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