Os mediadores

alexandra

Queridas Senhoras,

gosto muito das crónicas da Alexandra Lucas Coelho. Nunca li os livros mas acompanho os textos de domingo na revista do Público e também aqui. A Alexandra é uma das minhas mediadoras preferidas.

Nesta avalanche de factos, opiniões, comentadores, personalidades, figuras, casos e indignações diárias, torna-se fastidioso acompanhar os temas, as polémicas, seguir os opinadores. A compulsão da opinião a todo o momento. Gosto dos cronistas que mantêm uma certa distância em relação a tudo isso, que não vivem em função dos casos do dia. E gosto do ritmo de ler uma crónica semanal, refletida, bem escrita, extensa. Como as da Alexandra. (Outros exemplos: Pedro Mexia, António Guerreiro).

Trago aqui o caso da Alexandra porque sinto que ela é uma mediadora especialmente boa. Pela abrangência e relevância dos temas, pela profundidade, pela mundividência, pela ligação entre tópicos, por uma ausência de vaidade. Dou atenção e valor ao que ela escreve, fico genuinamente interessada. Sinto que se ela escolheu falar de um determinado tema é porque o assunto é mesmo relevante. Percebo que ela escreve bastante sobre o seu universo particular (o que a rodeia, os seus amigos) mas fazendo sempre a ponte para o geral. O que podemos extrair como “lições”.

Hoje li esta crónica e dei por mim interessadíssima na questão das alterações climáticas, um tema acerca do qual mantenho uma vaga preocupação. Leiam a forma como ela explica, com o caso concreto do seu amigo e vizinho Zé (o agricultor biológico que lê Agamben e de Espinoza), o que se está a passar com a azeitona no Alentejo.

Sei que ela escreve muitas vezes sobre artistas seus amigos ou conhecidos. Mas declara logo que o são por isso nunca me passa a ideia de estar a “promover” gratuitamente a sua rede de contactos. Serve-se desses exemplos para ilustrar casos mais gerais.

E apesar da complexidade de muitos dos seus escritos, de mil referências que não identifico, a ideia que passa é sempre de simplicidade, de humildade, a tal ausência de vaidade. É difícil fugir nem que seja a uma pequena vaidadezinha e desculpo isso em muita gente. Mas a Alexandra parece ter uma vaidade pura, honesta.

Olhem, utilizando a linguagem do Holden Caufield, acho que ela não é nada “phony.”

Beijinhos a todas,
Céu

P.S. Alguém já leu algum dos livros dela?

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