Era uma vez em Samarcanda

800px-Rubaiyat_Morris_Burne-Jones_Manuscript

Uma vez que ignoras o que te reserva o dia de amanhã,
procura ser feliz, hoje.
Toma uma ânfora de vinho, senta-te ao luar e bebe
lembrando-te que, talvez amanhã, a lua te procurará em vão.»
(…)
Rubaiyat – odes ao vinho, Omar Khayyam (Tradução de Fernando Castro, Ed. Estampa)


Queridas Senhoras,

Samarcanda é o quarto livro do libanês Amin Maalouf que leio este ano. O primeiro, Origens, de que falei aqui, chegou-me via Calita (que hoje vai de abalada, boa viagem!). Os restantes vieram de uma caixinha de surpresas chamada V. O século primeiro depois de Beatriz, Jardins de Luz e agora este magnético Samarcanda.

Recomendo todos os livros, os que li e os que ainda não. Amim Maalouf é um dos melhores contadores de histórias com que já me deparei. À partida, nada me ligaria a estes livros. Romances de forte pendor histórico sobre o mundo oriental estariam distantes das minhas preferências. Pois bem, mergulhar nestas leituras fez-me perceber mais, aprender algumas coisas mas sobretudo ficar fascinada pela mestria narrativa de Maalouf.

Samarcanda, então, é um caso à parte. Logo de início, as cores, os cheiros e os ruídos de Samarcanda rodeiam-nos, enleiam-nos, erguem diante dos nossos olhos essa cidade bela, lânguida, de becos e ruas estreitas, de tabernas e praças, de vinho e paixões.

“Por vezes, em Samarcanda, ao entardecer de um dia lento e sensabor, alguns citadinos desocupados vêm laurear na betesga das duas tabernas (…)”.

É aqui que vamos encontrar Omar Khayyam, no ano de 1072, com apenas 24 anos. Omar anda por ali, deambulando (“Fresco prazer de calcorrear uma urbe desconhecida...”). É do inebriamento de Samarcanda, que irão nascer os Rubaiyat, poemas dedicados ao vinho, ao amor, aos prazeres da vida.

Na primeira parte, acompanhamos Omar na sua juventude e a escrita dos Rubaiyat, bem como o desenrolar dos acontecimentos históricos e políticos na Pérsia (actual Irão). O livro de Omar, composto pelos poemas e pela crónica à margem que dá conta das peripécias que ocorrem ao tempo da sua escrita, virá a ser o Manuscrito de Samarcanda, obra venerada no Oriente e, mais tarde, no Ocidente.

Na segunda parte, achamo-nos na viragem do milénio, às portas do século xx. Benjamim O. Lesage é um jovem americano cujos pais se conheceram e apaixonaram com os olhos pregados nos poemas de Khayyam. O O. no seu nome não é inocente. Esta herança irá conduzir Benjamim à sua aventura oriental, em busca do manuscrito, mergulhando também no centro das contínuas crises políticas e religiosas da Pérsia.

E como vão as vossas leituras?

Beijinhos a todas!

Céu

Comentários