Queridas Senhoras,
estou de volta à universidade. Devido à minha provecta idade, achei que estava safa da praxe. Mas não é bem assim.
A minha praxe é ter frequentado a faculdade no tempo que bastava ir às aulas e jogar matrecos. Agora, para tirar um mestrado, é preciso primeiro tirar um mestrado só para aprender os procedimentos e o funcionamento da escola, a secretaria virtual, as plataformas, as passwords, os downloads.
A minha praxe é ter a minha filha chocada e incrédula – “tu não tens o direito de andar na escola!”. (Mas foi também ela que me arranjou um caderno universitário A4 e um estojo cor-de-rosa. Ofereceu-se, aliás, para me ajudar pois desconfia, com razão, que isto é capaz de ser areia a mais para a minha camioneta. Apesar de eu ter três disciplinas e ela treze.)
A minha praxe é ter colegas que me parecem pouco mais velhas do que a minha filha, rostos lisos, sadios e sorridentes.
A minha praxe é ter passado de mãe-trabalhadora a mãe-trabalhadora-estudante. Ter transformado a rotina intensa casa-trabalho-casa num virote casa-trabalho-escola-casa.
A minha praxe é decidir se estendo a roupa ou leio mais um texto sobre a modernidade. Se reflicto um pouco sobre o romance português contemporâneo ou trato mas é de fazer a sopa.
A minha praxe é deixar de ver séries de TV, terrível viciozinho consumidor de tempo.
A minha praxe é ter menos disponibilidade para escrever no blogue.
Mas não pensem que se livram de mim. Prometo aparecer de vez em quando para contar se estou a ser muito maltratada!
Beijinhos a todas,
Céu
Boa sorte, céu! E muita força! Conheço bem esse tipo de praxe e posso dizer que custa muito, mas a satisfação que tiramos, acabando com boas notas, é maior agora, quando enfrentamos tantos obstáculos. Beijinho
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