Os banhos acabaram e a submersão no
silêncio, que a água oferece, desapareceu também. Volto aos ruídos da casa
silenciosa mas faz-me falta o barulho. Dos filhos. Da pressa. Do emprego. Da
agenda a abarrotar. “Da quentura efusiva que emana da gente viva”, segreda-me Agustina.
Ninguém nos prepara para o desemprego. É um estado de dormência que se apodera
do espírito. Não é grave, ainda, mas é inesperado, para quem, principalmente,
nunca gostou de sestas, nem do cântico dos passarinhos. Como lidar com as vozes
que nem sabíamos que tínhamos? Preparo-me para o futuro e compro cadernos e
canetas. “You can never have too many pens”, right?
Imbuída do espírito “não me vou
enterrar no sofá”, procuro uma actividade física que me ajude a esquecer as
bolas de Berlim, irra, cada ano que passa estão melhores e visito alguns ginásios no meu bairro. Tantas modalidades (que raio é o Cross
Fit?) que fico cansada só da oferta e da negociação: horários, toalhas, débitos directos, tudo conta. Mas, o olhar de felicidade das pessoas
que se ultrapassam a elas próprias todos os dias é contagiante, não é? Entre a
piscina e o zumba escolho o Arquivo do Tribunal de Contas para o meu novo poiso,
onde retomo as pesquisas sobre a casa das minhas tias (um dia explico melhor
esta demanda). Por enquanto, refugio-me nas rotinas e vou experienciando novas.
Beijinhos a todas e bons regressos,
Patrícia
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