Bom dia queridas Senhoras,
vinha agora a ler o jornal e dou com mais um texto a dar alfinetadas no José Luís Peixoto, por causa dos contos dos Lusíadas e do cartaz publicitário e não sei mais o quê. E digo assim, cá para mim: “olha, hei-de perguntar às Senhoras o que é que elas acham disto.” É que, volta e meia, nos últimos tempos, estou sempre a dar com textos a dar alfinetadas, quando não são cargas de porrada, no José Luís, por um lado, e na Joana Vasconcelos, por outro. E até nos dois ao mesmo tempo:
"É assim que dizemos bye bye a Paula Rego enquanto acolhemos com veneranda deferência Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda, ou assistimos mudos e quedos ao assassínio d’ Os Lusíadas por José Luís Peixoto.
Não me interpretem mal. Eu sei que à luz da ciência moderna, provar que um verso de Camões vale mais do que 500 frases de Peixoto é tarefa inglória. Tão inglória como provar que o truque dos tamanhos XL da Joana Vasconcelos não passa disso mesmo: de um truque.
Mas isto: “Tágides do Tejo, ninfas de ninfetice total… emprestem-me ainda um resto do vosso ninfetismo…”?!
Por muito menos escreveu Almada o “Manifesto anti-Dantas e por extenso”. (Ana Cristina Leonardo, 20/04/13, ver aqui)
Eu gosto muito de ler as crónicas desta senhora (no Cartaz do Expresso), algumas são delirantes, no tom mordaz e na ironia levados ao limite. E não deixo de achar graça ao excerto acima transcrito.
O que eu não percebo, e gostava que comentassem, é o seguinte: qual é exactamente o problema com a Joana Vasconcelos e com o José Luís Peixoto?
Eu percebo que o facto de ter público e audiência não seja garantia da qualidade de um produto cultural. Isso eu entendo. Mas o inverso é regra absoluta e necessária? É por ter público que não vale nada? É quando as massas se apropriam de um autor ou criador que ele deixa de ter valor entre os seus pares e entre os críticos, entre a elite cultural, artística, literária?
É por a Joana estar a arrastar multidões ao Palácio da Ajuda, a levar famílias inteiras que se calhar nunca tinham entrado neste palácio nacional? É por o José Luís escrever muito e aparecer muito e promover muito bem o seu trabalho?
Qual é exactamente o problema do José Luís escrever contos a partir dos cantos d’ “Os Lusíadas”? Há Lusíadas para crianças, Lusíadas aos quadradinhos, Lusíadas para totós, até palavras cruzadas dos Lusíadas pode haver (bem giro). A nossa obra maior, fundadora, não tem de ser intocável. É bom que faça parte da nossa vida, que se actualizem os Velhos do Restelo, os Adamastores, as Ilhas dos Amores.
Quanto às grandezas da Joana, aos cacilheiros e tudo o mais, expliquem-me bem explicadinho para ver se eu entendo de vez: qual é, de facto, o problema?
Muito obrigada!
Beijinhos a todas,
Céu
Ui! Espera aí um bocadinho que eu vou arranjar espaço na agenda para responder ao teu repto )
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