Queridas Senhoras,
sei que li The Great Gatsby na escola mas não tenho grande memória do livro. Ou foi mal lido ou não chegou na altura certa. Também nunca tinha visto nenhuma adaptação para televisão ou cinema. A ideia vaga que tinha da história, das personagens, é aquela que resulta das múltiplas referências que os grandes romances sempre suscitam. Nick Carraway, Tom e Daisy Buchanan, the green light, a baía, as festas loucas, um amor perigoso… de tudo isto tinha ressonâncias mas não a história completa.
Não seria a primeira vez que um filme me faz ir à procura do livro (aconteceu há pouco tempo com Anna Karenina) ou que um clássico me chega tardiamente (aconteceu há pouco tempo com A catcher in a rye). A falta de assiduidade às salas de cinema também me leva a perder muitos filmes mas às vezes recupero alguns. O Grande Gatsby de Baz Luhrmann passou na RTP este domingo. Para mim foi uma extraordinária surpresa.
O filme é de 2013 e, numa pesquisa rápida, percebi que a crítica não foi unânime, tendendo mais para a demolição. No entanto, de uma forma geral, foi considerado literariamente bastante fiel, no que se refere aos diálogos e descrições. (Algumas citações aqui. Pessoalmente, gosto muito desta: “And I like large parties. They’re so intimate. At small parties there isn’t any privacy.”)
Não sou especialmente fã do estilo artificioso, espectacular e fantasista que é marca deste realizador mas fiquei rendida à estética deste Gatsby.
Leonardo DiCaprio (nunca há-de ter cara de homem, este rapaz, nem quando estiver cheiinho de rugas) é um magnético e terno Gatsby, personagem-mistério no centro de uma fantasia louca, exagerada, transbordante. A luz e a cor são um exagero, assim como a bebida, a velocidade, a música, a dança.
Se DiCaprio parece um miúdo, Tobey Maguire (Nick Carraway, primo da amada Daisy e narrador) é um bebé chorão. (Também pode ser que isto seja eu a ficar velha e achar todos muito jovens). É ele, Nick, vizinho de Gatsby, que nos conduz através deste sonho doido, de um e de outro lado da baía, em Long Island, onde Gatsby ergueu um castelo para o qual espera atrair a sua princesa, Daisy, que esvoaça por trás da luz verde ao fundo do ancoradouro.
Naturalmente há-de acabar tudo em tragédia. Uma tragédia bastante vã, pointless, como parecem ser as vidas loucas que atravessam o breve e intenso romance. Uma nota refrescante é que, por uma vez, não é a mulher que morre ou se mata!
Beijinhos a todas,
Céu
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