Foto: Vitorino Coragem
Queridas Senhoras,
é a primeira contadora de histórias com quem falamos aqui no blogue. Há perto de vinte anos que Elsa Serra percorre as livrarias, bibliotecas e escolas do país a deliciar ouvintes de todas as idades. É também formadora e autora, com cinco livros publicados. O diagnóstico de uma artrose total da anca antes dos 40 anos e as limitações daí decorrentes, sensibilizaram-na para a questão do isolamento social e aproximaram-na da população idosa. Em 2016 lançou Na Rua com Histórias - Uma Biblioteca para Todos, um projecto de intervenção social que visa combater a iliteracia e o isolamento. Uma biblioteca itinerante que leva a leitura a quem está só ou vive na rua.
1. O que está a ler neste momento?
Normalmente leio vários livros, um em momentos de lazer, e outros por motivos de trabalho. Em lazer, o que estou a ler neste momento é O Silêncio das Sereias de Adelaida Garcia Morales, um livro que foi doado ao meu projecto da biblioteca itinerante e quando o estava a catalogar chamou-me à atenção a protagonista ter o meu nome o que não é muito comum, li as primeira frases e conquistou-me, estou a gostar muito pela surpresa e sobretudo pela beleza. Os outros são Remédios Literários de Elia Berthoud e Susan Elderkin, um livro que prescreve leituras para diferentes «maleitas», Só Duas Coisas Que, Entre Tantas, me Afligiram de Alice Vieira, e Mulheres que Correm como Lobos de Clarissa Pinkola Estés, livros que vou lendo devagarinho, saboreando e recolhendo material para as visitas ao domicílio aos idosos onde lemos e contamos histórias. E leio muitos livros ilustrados para o meu trabalho, e são vários por semana.
2. O que leu antes e o que vai ler a seguir?
O último que li foi A Contadora de Filmes de Hernan Rivera Leterier, também doado à biblioteca, um livro delicioso, gostei bastante, mais um bom livro a partilhar nas visitas ao domicílio, nesta leitura juntei lazer com trabalho. A seguir irei ler Casa 12 de Leticia Constant e o ensaio O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa de Maria João Valente Rosa.
3. Conte-nos uma memória de infância relacionada com livros
Lembro-me das vezes sem conta que li um livro minúsculo da colecção Pequerrucha, A Casinha Colorida, e que tanto prazer me dava, sobretudo o de lhe acrescentar cor e acreditar que aquela era a minha casinha. Guardo religiosamente este livro, que sempre que pego nele me vem essa pequena grande felicidade que é acreditarmos que o que sonhamos se torna real.
4. Que livros marcaram a sua adolescência?
Os três que me vieram logo à cabeça, foram As Vinhas da Ira de John Steinbeck, Os Filhos da Droga de Christiane F., e O Velho e o Mar de Ernest Hemingway.
5. Um local público onde goste de ler
Jardim enquanto a minha cadela brinca e corre. E quando viajo de comboio e avião.
6. O seu recanto preferido de leitura (em casa)
A cama, sobretudo aos domingos de manhã, e o sofá da sala.
7. Uma biblioteca importante para si
A Biblioteca Municipal Galveias, onde ia estudar na adolescência e onde encontrava um silêncio e cheiro únicos. Sempre que lá vou sinto-me em casa.
8. As livrarias que costuma visitar
A Bertrand do Chiado, Fnac do Chiado, a Ler Devagar e todas pelas quais passo, entro sempre que posso.
9. Uma editora de que goste particularmente
Gosto de várias. Gatafunho, Planeta Tangerina, Bruáa, Livros Horizonte, Tinta da China, Assírio & Alvim.
10. Que livros gostaria de reler?
Cem Anos de Solidão, As Vinhas da Ira, O Velho e o Mar.
11. Que livros está a guardar para ler na velhice?
Alguns clássicos, como o Guerra e Paz de Tolstoi e outros.
12. Acessórios de leitura que não dispensa
Marcador de livro.
13. E se um livro não prende, põe-se de lado ou insiste-se?
Normalmente ponho-o de lado, antes insistia, depois aprendi a fazer uma triagem, uns não prendem por não terem qualidade, outros porque não estou com «aquele» espírito, e a esses posso sempre voltar quando quiser.
14. Costuma ler sobre livros? Quais são as suas fontes?
Normalmente não leio para não ter qualquer influência, gosto muito da surpresa que o livro guarda, leio, sim, depois de ler os livros, mas sobretudo sobre os escritores.
15. Uma citação inesquecível que queira dedicar às Senhoras da Nossa Idade
«O deserto podia caber no peito do mar, o mar podia caber no corpo do Universo, o Universo só pode caber no coração das pessoas.» de Uma escuridão Bonita de Ondjaki, um dos livros da minha vida, que está indicado para jovens, mas é um livro para todas as idades, é uma doce prosa poética aconselhada a todos.
Beijinhos a todas,
Céu
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