Queridas Senhoras,
a nossa convidada de hoje é jornalista da área cultural (antes no Diário de Notícias e actualmente no Observador onde escreve sobre livros, escritores, editores e também sobre moda). Joana Emídio Marques é mestre em Estudo do Jornalismo e Cultura Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, com uma dissertação sobre a transformação das narrativas jornalísticas. Publicou poesia (Ritornelos, 2014, Abysmo) e Sou dos anos 80 - não tenho medo de nada (2017), pela Guerra & Paz.
1. O que está a ler neste momento?
De manhã, no café: Nesta Grande Época de Karl Kraus. À noite na cama: Hinos de Hölderlin de M. Heidegger.
2. O que leu antes e o que vai ler a seguir?
Antes é um tempo muito longo, a seguir também, que poderei dizer do passado no futuro?
Antes muito antes do antes li a Anita. Perante as evidências de que a literatura se encontra cada vez menos nos livros é provável que vá ler mais cinema, séries de tv, documentários, arquivos fotográficos...
3. Conte-nos uma memória de infância relacionada com livros
Tenho saudades do tempo em que havia muita gente a ler-me livros e eu só tinha de ouvir e imaginar.
A leitura partilhada cria laços indestrutíveis . Não incluo aqui leituras públicas. Isto é outra coisa. É alguém que lê algo especificamente para nós (e aqui uso o duplo sentido da palavra nós).
4. Que livros marcaram a sua adolescência?
A Insustentável Leveza de Ser de Milan Kundera. A sorte de não ter muito dinheiro obrigava-me a ler tudo o que havia em casa e a descobrir muito cedo livros que me obrigaram a engolir o próprio fígado.
5. Um local público onde goste de ler
Cafés. Esplanadas de cafés. Praia. Enfim, um lugar ao sol.
6. O seu recanto preferido de leitura (em casa)
O próprio livro, naquele espaço escuro e difícil entre duas páginas
7. Uma biblioteca importante para si
As bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian que comecei a frequentar aos 7 anos.
8. As livrarias que costuma visitar
Não vou a livrarias, excepto quando preciso de confirmar alguma coisa de um livro para depois poder dizer mal dele. Tenho o meu bom amigo Ricardo Ribeiro (Sr. Teste) que me arranja os livros que eu quero, e o meu ex-namorado, o Vasco Luís Curado, que me compra livros nos alfarrabistas, em especial na Bizantina e na feira da Ladra.
9. Uma editora de que goste particularmente
Gosto particularmente da Relógio d' Água, da Cavalo de Ferro, da Orfeu Negro e da Sistema Solar pelos ensaios. Da Língua Morta pela poesia, da Cotovia pelos clássicos.
10. Que livros gostaria de reler?
Reler só e sempre Cartas a Lucílio de Séneca e os Ensaios de Montaigne. Vitaminas morais para tempos de fome.
11. Que livros está a guardar para ler na velhice?
Já sou velha portanto não guardo nada para depois. Só pessoas chatas.
12. Acessórios de leitura que não dispensa
Qualquer coisa que risque.
13. E se um livro não prende, põe-se de lado ou insiste-se?
E em geral se pego num livro é para insistir. Livro que não dá luta não é um bom livro. Um leitor que não luta com o que não lhe passa automaticamente mel pelos lábios não é um leitor. É um comedor de pipocas.
14. Costuma ler sobre livros? Quais são as suas fontes?
Muitas. E não necessariamente as óbvias, ou seja ensaios sobre literatura. Na verdade qualquer livro pode ser uma fonte sobre livros. É da natureza das fontes brotarem em qualquer lado e nem sempre onde são esperadas. Ainda assim há um livro onde se (re)volta: O Livro do Porvir, de Maurice Blanchot.
15. Uma citação inesquecível que queira dedicar às Senhoras da Nossa Idade
" por não saber ser impossível, foi lá e fez"
J. Cocteau
Beijinhos a todas,
Céu
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