Queridas Senhoras,
um dos blogues que acompanhamos aqui na coluna da direita chegou ao fim desta semana. Pedro Mexia assinala 10 anos de blogues com uma crónica no Expresso (“Caro Diário”) e com o encerramento do seu Lei Seca que mantinha desde 2009 e sucedeu ao Estado Civil. Ele escreveu noutros blogues, nomeadamente colectivos (A Coluna Infame, Fora do Mundo) mas foi naqueles dois que prestou culto ao estilo diarístico. À exposição da vida íntima, não privada.
«Escrever um diário “em directo” exige que se invente, em equilíbrio instável, uns quantos filtros, regras, deontologias, cuidados difíceis (…). No meu caso, isso significou também criar um registo que destapa a vida íntima e protege a vida privada, um registo a que chamei “confessionalismo hermético”.» in Expresso, 13/10/2012
Esta distinção entre íntimo e privado já foi várias vezes frisada por PM. Lembro-me que, a primeira vez que o ouvi dizer isto, não percebi muito bem o que significava. De ter pensado qual seria a diferença essencial entre íntimo e privado. Hoje, penso que a diferença é óbvia, basta pensar na exposição que se faz da vida privada nas redes sociais e noutros meios, por vezes tão distante de qualquer intimidade ou verdade.
A verdade é um tema recorrente em PM:
«Quando confesso o meu repúdio radical pela mentira, toda a gente diz que sou louco. E eu não defendo que se diga tudo a toda a gente; acredito apenas que devemos viver em regime de verdade com as pessoas de quem gostamos. Há excepções circunstanciais? Há. Mas a regra, a minha regra, é a verdade.» in Lei Seca
Por causa disto, lembrei-me da frase do Hemingway que a Marta citou num dos dois excelentes trabalhos escritos que já apresentou no nosso curso de poesia:
«All you have to do is write one true sentence. Write the truest sentence you know.»
Entretanto, esta semana no curso começamos a dar Kerouac e a Beat Generation. E dele chegam-nos estes “conselhos”, incluídos em "Belief & Technique For Modern Prose: List of Essentials":
8. Write what you want bottomless from bottom of mind
15. Telling the true story of the world in interior monolog
24. No fear or shame in the dignity of yr experience, language & knowledge
Não sei porque me apeteceu misturar estes assuntos neste post mas calhou assim.
Como o mote da semana é Kerouac, ouçamo-lo a recitar um excerto de “October in the Railroad Earth”, um texto que o nosso prof. considera precioso.
Beijinhos a todas,
Céu
P.S. 4. Be in love with yr life
um dos blogues que acompanhamos aqui na coluna da direita chegou ao fim desta semana. Pedro Mexia assinala 10 anos de blogues com uma crónica no Expresso (“Caro Diário”) e com o encerramento do seu Lei Seca que mantinha desde 2009 e sucedeu ao Estado Civil. Ele escreveu noutros blogues, nomeadamente colectivos (A Coluna Infame, Fora do Mundo) mas foi naqueles dois que prestou culto ao estilo diarístico. À exposição da vida íntima, não privada.
«Escrever um diário “em directo” exige que se invente, em equilíbrio instável, uns quantos filtros, regras, deontologias, cuidados difíceis (…). No meu caso, isso significou também criar um registo que destapa a vida íntima e protege a vida privada, um registo a que chamei “confessionalismo hermético”.» in Expresso, 13/10/2012
Esta distinção entre íntimo e privado já foi várias vezes frisada por PM. Lembro-me que, a primeira vez que o ouvi dizer isto, não percebi muito bem o que significava. De ter pensado qual seria a diferença essencial entre íntimo e privado. Hoje, penso que a diferença é óbvia, basta pensar na exposição que se faz da vida privada nas redes sociais e noutros meios, por vezes tão distante de qualquer intimidade ou verdade.
A verdade é um tema recorrente em PM:
«Quando confesso o meu repúdio radical pela mentira, toda a gente diz que sou louco. E eu não defendo que se diga tudo a toda a gente; acredito apenas que devemos viver em regime de verdade com as pessoas de quem gostamos. Há excepções circunstanciais? Há. Mas a regra, a minha regra, é a verdade.» in Lei Seca
Por causa disto, lembrei-me da frase do Hemingway que a Marta citou num dos dois excelentes trabalhos escritos que já apresentou no nosso curso de poesia:
«All you have to do is write one true sentence. Write the truest sentence you know.»
Entretanto, esta semana no curso começamos a dar Kerouac e a Beat Generation. E dele chegam-nos estes “conselhos”, incluídos em "Belief & Technique For Modern Prose: List of Essentials":
8. Write what you want bottomless from bottom of mind
15. Telling the true story of the world in interior monolog
24. No fear or shame in the dignity of yr experience, language & knowledge
Não sei porque me apeteceu misturar estes assuntos neste post mas calhou assim.
Como o mote da semana é Kerouac, ouçamo-lo a recitar um excerto de “October in the Railroad Earth”, um texto que o nosso prof. considera precioso.
Beijinhos a todas,
Céu
P.S. 4. Be in love with yr life
"All you have to do is write one true sentence. Write de truest sentence you know"... podemos lançar este desafio às nossas leitoras, o que acham? bjs Mariana, obrigada Céu.
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