Todos os filmes do Woody Allen são bons, ok?




Queridas senhoras,

graças ao feriado, consegui organizar-me e até arranjei tempo para ir ao cinema. Apesar das críticas dizerem que é um filme “cansado” e “preguiçoso”, acabei por decidir arriscar no último do Woody Allen, Para Roma, com Amor.

Ah, que se lixem as críticas. A verdade é que estive com um sorriso nos lábios o tempo todo e ainda dei umas boas gargalhadas. Isto é mais do que posso dizer de muitos filmes que vejo. É Woody Allen, caramba. Mesmo quando é mau, é bom. E não acho nada que seja mau. É previsível, está cheio de clichés? Pois eu adoro a previsibilidade e os clichés do W. Allen. Está “velho” e “cansado”? Não estamos todos? E sem um décimo da piada que ele tem, só por aparecer no ecrã.

Há poucos dias (e foi isto que também me incentivou a ir ver o Para Roma), alguém colocou um post, no grupo de facebook do nosso curso de poesia, sobre o filme anterior dele, o Meia-Noite em Paris, o tal em que vários poetas, escritores e artistas se cruzam numa cidade paralela e fora de horas. Viste esse post, Marta? O colega mencionava uma cena com a Gertrude Stein (é uma das autoras que  estudámos esta semana) e com o Picasso. A cena é muito gira (todo o filme é fabuloso) e revê-la agora, quando estamos, também nós, mergulhadas na realidade paralela do ModPo, é delicioso:


Ok, o filme de Roma não é tão bom como o de Paris. Mas, como já disse, tão tirei o sorriso da cara o tempo todo. Há muitos clichés, sim, mas auto-conscientes, certo? (Marta, daqui a pouco estou a falar de autorreferencialidade e meta não sei quê). Às tantas, a personagem do Alec Baldwin, um arquiteto que se “vendeu” aos centros comerciais, que viveu em Roma enquanto jovem e ainda gosta de passear nas ruas secundárias, diz que “com a idade não vem a sabedoria mas o cansaço”. Será uma justificação?

Todas as personagens são clichés, representam os habituais tipos cómico-trágicos, a começar pela personagem do próprio Woody e a acabar na Monica (Ellen Page), uma aspirante a actriz indie famosa, que é um cliché ambulante: não consegue gostar de homens que “não sofram as agonias da existência”, na arquitectura gosta do Gaudi, é compulsiva no “name-dropping” e sabe, digamos, uma tirada de cada poeta ou escritor, para atirar no momento certo. Marta, adivinha só quem aparece pelo meio das citações: o nosso ModPoet do capítulo 3, Ezra Pound, com In a Station of the Metro (“Petals on a wet, black bough”).

Enfim, poderia continuar, mas já é tarde e a ideia geral é : Woody forever :)

Beijinhos a todas,

Céu

Comentários

  1. Minha querida Céu,

    sou exactamente da mesma opinião! Mesmo os mais fraquinhos são bons, um filme do Woody Allen é sempre um reencontro, um reconhecimento. Ainda não vi este último (cinema? o que é isso?) mas o Midnight in Paris foi um verdadeiro banquete para mim. Aquelas referências todas aos artistas, hilariante e saboroso, daqueles que ficamos a mastigar tempos e tempos. Fez-me lembrar muito o 'Paris é uma festa', do Hemingway, se ainda não leste envio-te agora com a próxima dose.

    Havia umas t-shirts brejeiras, há uns anos, que diziam 'Sex is like pizza: even when it's bad, it's good'. Aplica-se que nem uma luva ao sr. Allen (embora não se aplique nem ao sexo nem à pizza!!!)

    (Não consigo acompanhar os fóruns e facebook do ModPo como tu... mas acompanho-te a ti!)

    Beijinhos!

    Marta

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  2. Oi! Claro que quero receber o Hemingway. Até porque (adivinha lá...) o Al Filreis está sempre a citá-lo :)
    beijinhos

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