A idade da razão

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Queridas Senhoras,

o João faz amanhã 6 anos. A Alice teve uma festa hoje às 10 da manhã, amanhã é a festa do João e no domingo é Dia da Mãe.

Não dá para abrandar o calendário um bocadinho? Quer dizer, ainda ontem foi Dia do Pai, Páscoa, Carnaval, o Natal foi há menos de nada, ainda há pouco estávamos a comer castanhas assadas (e entretanto já vamos nos caracóis e nas sardinhas).

No outro dia almocei com a minha querida amiga C. e ela dizia, a propósito disto, da vida que levamos, “vivemos mas não reflectimos sobre o que vivemos.” Ora nem mais, querida amiga. Eu cá, se arranjasse tempo para reflectir, adormecia. Estou tão cansada que me sinto anestesiada. Hoje decidi não fazer nada (excepto levar a Alice a uma festa às 10 da manhã de um feriado) a fim de poupar forças para o resto do fim-de-semana. O corpo acomodou-se de tal maneira à ideia que quase não me consegui mexer. Tenho dores nas articulações todas. Mas isso não interessa nada. Vim aqui só reflectir um bocadinho antes de continuar a fazer absolutamente nada.

O João faz 6 anos. Não lhe comprei nada de especial. Quer dizer, ainda agora foi Natal e não há espaço para mais objectos aqui em casa.

Comprei-lhe um livro, claro. Dos poucos momentos em que reflectimos é quando lemos juntos. Guardamos com muito carinho certos livros, de que já falei aqui, livros de aventuras, como As Aventuras de João Sem Medo ou As Aventuras de Thore Isbiorn no País dos Esquimós.

Por isso, quando descobri na livraria uma edição de A Ilha do Tesouro, o clássico de Stevenson (que nunca li, tal como nunca antes tinha lido o João Sem Medo) achei que era isso mesmo.

Sim, se calhar é cedo, A Ilha do Tesouro é um livro para rapazes mais crescidos e o João ainda nem sequer saber ler. Mas parece-me uma excelente escolha para assinalar a chegada à idade em que o meu rapazinho vai aprender a ler.

Beijinhos a todas,

Céu

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