Queridas Senhoras,
durante meses guardei segredo (e como custou!) mas agora já posso falar. O "segredo" está em todas as livrarias do país.
O Joel Neto é um senhor da nossa idade bem conhecido aqui do sítio. Foi meu colega na faculdade e da Marta nas revistas. Acompanhei o seu percurso ao longo destes 20 anos, não só pela curiosidade de ver crescer, como jornalista e escritor, alguém que conheci ainda mal saído da adolescência, e por vê-lo tornar-se um dos principais cronistas a fazer o retrato da nossa geração (tantas vezes descrevendo, analisando, caricaturando as nossas vidas enquanto as vivíamos), como também, e sobretudo, porque gosto do que o Joel escreve. Seja um post no facebook, uma crónica da vida rural, um conto ou um romance.
Se acham que isto é uma declaração de interesses, ainda não viram nada.
Tenho acompanhado sempre o trabalho do Joel, umas vezes à distância, outras com maior proximidade. As redes sociais tornaram-se tudo mais fácil e desde então sigo-o quase diariamente. Há três anos, o Joel lançou-se na aventura de escrever este épico açoriano, o grande romance dos 40 anos, a obra do regresso a casa (o que lhe quiserem chamar).
Calha que há uns meses contactou-me para ver se eu poderia, quereria, dar algumas opiniões sobre o novo livro. Por duas ou três postas de pescada que vou colocando na rede, o Joel lá notou que sou uma leitora interessada e, vá lá, empenhada, e propôs-me este “trabalho”.
Ora pedirem-me para opinar sobre um livro antes da sua publicação é como abrir um presente antes do Natal. É como perguntarem a uma criança se quer testar um brinquedo novo antes de sair da fábrica. É como convidar um guloso para ser provador do Santini!
Entrei então, pela primeira vez na minha vida, para uma espécie de painel de “leitores profissionais” com direito a emitir juízos sobre o arranque da narrativa, as personagens, a apresentação da trama, a atmosfera criada. E até sobre o título do livro, a capa e seus dizeres!
Está-se mesmo a ver que foi inchada de orgulho que aceitei a incumbência e lá fui respondendo ao que o Joel me pedia, procurando ser o mais honesta possível, tentando pôr de lado o facto de conhecer o escritor e fazendo as minhas críticas como se de qualquer autor desconhecido se tratasse.
As primeiras páginas já eu conheço (e sei que são envolventes e prometedoras). Agora tenho um Arquipélago inteiro para desbravar. Segundo Alice Vieira (que ontem apresentou o livro no Chiado) parece que o romance, além de ser “uma leitura fascinante, que não se consegue largar”, traz de bónus um tratado de geografia e paisagem da Terceira e um roteiro gastronómico.
Se a leitura me provocar o desejo irreprimível de lá voltar, espero que aquele amigo do meu pai que vive em Angra nos convide outra vez para comer cracas à tardinha, no pátio.
Beijinhos a todas,
Céu
Gosto (e muito)
ResponderEliminarEsse meu Amigo chama-se José Orlando de Noronha da Silveira Bretão. Advogado, etnografo (sabia tudo sobre os Açores, tenho os seus livros), pintor. Este angrense como não havia outro é hoje uma terna saudade.Já não está entre nós. Já não pode convidar-nos. MAS CONVIDO-TE EU. Sempre que quiseres. Terceira? Faial? Pico? Fico à espera de ordens.
Teu pai (orgulhoso e angrense por afinidade)