Queridas Senhoras,
“Se quisermos sobreviver, temos de usar uma máscara pois andar neste mundo sem ela só atrai desgraças.”
São várias as passagens que poderia citar do livro A Baía dos Anjos de Anita Brookner que me chegou, sem pré-aviso, através da V.. Houve qualquer coisa nesta leitura, uma certa contenção no tom talvez, e também o facto de versar sobre a vida de mulheres, que me fez lembrar A Livraria de Penelope Fitzgerald, que li pouco antes, via Marta.
Uma pesquisa rápida diz-me que ambas as escritoras são britânicas, vencedoras do Booker Prize e nascidas com a diferença de oito anos, Penelope em 1916 e Anita em 1928. Ambas estão na lista dos 50 Maiores Escritores Britânicos depois de 1945 do The Times.
A Baía dos Anjos fala da vida de duas mulheres, mãe e filha, e da ausência de amarras na vida delas. Há uma primeira fase em que vivem em absoluta serenidade, quase totalmente isoladas do mundo exterior e dos seus códigos. Segue-se um curto interlúdio que põe fim a esta pacatez e, logo a seguir, uma inversão de papéis entre mãe e filha.
A partir de determinada altura, a expressão “terrível liberdade” aparece repetidamente. Como viver sem referências, sem um enquadramento qualquer, sem que sejamos filha, mãe ou mulher de? Ao medo de viver presa a uma situação incómoda sucede-se o receio de uma vida mínima, quase inexistente, precisamente por falta de amarras, por ausência de contraponto.
Onde ir se podemos ir a todo lado mas ninguém nos espera em lado nenhum?
O que é a liberdade sem amor?
Beijinhos a todas,
Céu
[...] é a primeira vez que Anita Brookner aparece nestas páginas. Há precisamente dois anos escrevi aqui sobre A Baía dos Anjos, publicado em 2001. Neste interregno não li mais nada da escritora [...]
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