“a alegria é o que nos torna os dias úteis”
Sérgio Godinho
Queridas Senhoras,
na crónica de ontem no Público, Miguel Esteves Cardoso fala do tempo e do que fazemos com ele. Usa uma expressão muito bonita, diz que todos deveríamos ter pelo menos “oito horas limpas” por dia, para fazermos o que nos apetece. Isto parece uma miragem, ninguém tem oito horas por dia para si. Há muita coisa a “contaminar” as horas mas também nos cabe a nós procurar “tempo limpo”, sobretudo mental.
Pus-me a pensar nas coisas que mais contaminam e desgastam as horas e que procuro evitar. As minhas são estas, cada uma que diga as suas.
Centros comerciais e hipermercados – não se trata de snobismo de quem não têm paciência para locais de massas e prefere fazer compras no comércio de bairro ou nos mercadinhos e feiras (também para estes já vai faltando a pachorra). Para mim, são sítios que sugam efectivamente a energia física e mental. Onde tudo é artificial e falsamente alegre e familiar. Ao contrário da mensagem que querem passar, não são lugares amigos das famílias. Ou começariam por dar boas condições às famílias que lá trabalham.
Filas de trânsito / procurar lugar para estacionar – a razão por que em geral prefiro usar transportes públicos ou andar a pé é a felicidade que sinto em não me ocupar do carro. O tempo que se gasta em busca de lugar de estacionamento, e a estacionar mal, prejudicando quem anda a pé, sobretudo com crianças e velhos, é das actividades mais absurdas da vida urbana.
Conversa fiada – que desgaste!, manter uma conversação sobre o nada e coisa nenhuma, sem qualquer verdade, atenção ou interesse. Não confundir a conversa fiada com uma boa sessão de maldicência e cusquice. Esta actividade, em doses moderadas, é altamente recompensadora.
Saldos / Lojas de roupa em geral – esta ainda me engana. Por vezes, penso que vou retirar algum prazer em visitar uma loja e encontrar uma peça bonita. Mas é tudo a mesma coisa e além disso tenho roupa que chega e sobra até ao fim da vida. O falso prazer da roupa nova é fugaz e efémero.
Em oposição a tudo isto, há actividades que têm grande poder de limpeza. Uma das minhas preferidas é voltar a cara para o Sol de inverno e sentir o calor nos olhos fechados.
Beijinhos a todas!
Céu
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