Querida Céu, queridas Senhoras,
em primeiro lugar, devo confessar que estou a desenvolver um fraquinho pelo professor Al Filreis.
«Take this course because you've spent too much time thinking of language as a utility, and not enough time thinking of language as self-making. The selves you'll meet in these poets are languaged selves. They're fully aware of it.»
«Can a poet do what Jackson Pollock did? You bet! It's just really, really hard.»
Infantilidades à parte ;) , por causa, principalmente, desta última citação, queria partilhar contigo (e com quem mais tiver paciência) excertos de um texto que escrevi há cerca de 3 anos para um trabalho da cadeira de Introdução aos Estudos Literários I, na Universidade Aberta. (Desculpa, é uma seca...)
Beijinhos a todas
Marta
em primeiro lugar, devo confessar que estou a desenvolver um fraquinho pelo professor Al Filreis.
«Take this course because you've spent too much time thinking of language as a utility, and not enough time thinking of language as self-making. The selves you'll meet in these poets are languaged selves. They're fully aware of it.»
«Can a poet do what Jackson Pollock did? You bet! It's just really, really hard.»
Pinturas de Jackson Pollock: Fotografia de Pollock by Namuth |
Infantilidades à parte ;) , por causa, principalmente, desta última citação, queria partilhar contigo (e com quem mais tiver paciência) excertos de um texto que escrevi há cerca de 3 anos para um trabalho da cadeira de Introdução aos Estudos Literários I, na Universidade Aberta. (Desculpa, é uma seca...)
Não tenho comigo a citação exacta, mas o desafio era comentar uma frase que referia a dificuldade de fazer jóias com moedas de ouro, de modo a que as pessoas deixassem de ver o valor das moedas e passassem a ver a obra final como um todo. Relacionando, claro, com alguns conceitos aprendidos sobre poesia lírica.
«O poeta é um explorador, um desbravador de território, um aventureiro que se predispõe a atingir, com palavras cujos significados mais imediatos se espelham na vida concreta e partilhada, a inexprimível região da individualidade. A tarefa é tão difícil e improvável como seria tentar construir uma fortaleza não com pedras, mas com ovos, por exemplo. E, ainda assim, há edificações poéticas que logram manter-se de pé.
Se compararmos o grau de dificuldade de expressão de um poeta com o de um pintor ou de um compositor, encontramos um aparente paradoxo: o poeta serve-se de palavras, o veículo humano de expressão por excelência, e no entanto a probabilidade de conseguir fazer passar a sua mensagem é desmesuradamente inferior à dos outros dois artistas. Porque é que isto é assim? Porque a natureza expressiva das palavras, essa «significação do humano» (Machado apud Reis, 2001, 308) que lhes é inerente, atribui-lhes um peso real que o poeta tem que conseguir aliviar, para que a sua mensagem não se afogue em entradas de dicionários. Só aliviando as palavras do seu peso original, o poeta conseguirá dar-lhes «nova significação» (Machado, idem).
Recordemos que já no diálogo de Platão, «Crátilo», se discutia a relação entre aquilo a que viríamos a designar de significante e significado, nascendo dali o conceito de «Cratilismo», que atribuía aos nomes das coisas uma origem inata, alheia aos desígnios humanos. Ou, como podemos ler em «O Enigma de Sophia», «A poesia precede e cria o Ser. Não esqueçamos as palavras bíblicas da criação: “No princípio era o Verbo”» (Malheiro, 2008, p. 287).
Este problema não se coloca ao pintor nem ao compositor, pois os apreciadores das suas criações artísticas percebem as tintas, no primeiro caso, e as notas musicais, no segundo caso, como meios para atingir um fim e não fins em si mesmas; digamos que os castelos que o pintor e o compositor constroem fazem-se de pedras, eliminando-se o ruído da múltipla significação dos materiais e ficando, assim, liberta a atenção apenas para a fruição estética.
Regressemos, então, à árdua tarefa do poeta: como fazer jóias de moedas sem que as moedas sejam a face mais visível dessas jóias? (...) Do brilho transcendente do criador poético nasce, assim, a criação impossível: um castelo feito de ovos para o qual olhamos e não são os ovos que vemos, mas sim os contos de fadas que deles eclodem.
Ou, nas palavras de Pedro Mexia:
Não é preciso que a realidade exista
para acreditarmos nela. Na verdade,
se não existir tudo é mais luminoso.
Mundo, evidência submissa e soberana.»
para acreditarmos nela. Na verdade,
se não existir tudo é mais luminoso.
Mundo, evidência submissa e soberana.»
Poesia numa hora dessas?! Sim, por favor. Principalmente, numa hora destas.
Beijinhos a todas
Marta
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