Escrita fina, escrita normal



Queridas Senhoras,

dei com este artigo sobre o livro "The Missing Ink: the Lost Art of Handwriting" e lembrei-me logo da Marta. Da mania e do gosto de escrever à mão, de enviar postais, das notas que agora recebo dela a acompanhar a nossa troca de livros. Da forma como a Marta gosta de combinar o uso de tecnologias antigas e modernas. Estar no Twitter, no Facebook, no Instagram, no Pinterest, nos blogues, conversar via Skype, sim. Mas também escrever à mão e ter como presente ideal aquele computador com teclado de máquina de escrever.

Lembrei-me do que o Miguel Esteves Cardoso dizia numa entrevista sobre a importância de escrever à mão, escrever qualquer coisa, listas de supermercado, recados para a mulher, notas, bilhetes. E isto fez-me lembrar um dos poemas mais divertidos, lúdicos, que lemos no nosso curso de poesia: o recado, a "nota de frigorífico" que o poeta William Carlos Williams deixou à mulher e transformou em poema.


This Is Just To Say

I have eaten
the plums
that were in
the icebox

and which
you were probably
saving
for breakfast

Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold


Lembrei-me do "Escrevo para pensar melhor" da Marta que me ocorreu logo quando dei com a frase "Writing Is An Aid To Memory" que é também o título de um livro de Lyn Hejinian, uma poetisa americana que estudámos esta semana no curso. A propósito deste livro e desta autora, o prof. diz qualquer coisa como "o acto de escrever é, em si mesmo, uma forma de chegarmos a recordar as coisas, a formar uma memória". Isto parece-me poderoso. As memórias formam-se à medida que escrevemos sobre elas. Escrever cria memórias.

Outra inspiração que recebi do curso e comecei a aplicar foi as "lunch box notes" para a minha filha. Às tantas, o prof. comentou no fórum que, quando era pequeno, a mãe costumava escrever-lhe pequenas mensagens em código, num código simples mas só deles, que colocava diariamente na lancheira. Entretanto, várias mães comentaram que também costumavam fazer isso com os filhos, juntar bilhetes à merenda do dia. Achei isto tão ternurento, tão meiguinho, que comecei no dia seguinte a colocar bilhetes na lancheira da Alice :)

Ok, já me estou a esticar neste post, deixo-vos só com este conselho do livro The Missing Ink:


Write to other people 

Write to people you love, people you like, people you work with. Write postcards. When you go somewhere remotely interesting – when you drop into the National Gallery, when you have a nice day out, when you go away for a weekend or an overnight – find some postcards and send three to your mum and dad, your siblings and nieces, your significant other, your best friend or that old friend you haven't seen for a while. What could be better than to know that you'll be the only nice thing in your old friend's postal delivery that day? Write to your husband or wife or children and tell them that you love them. It will have a lot more impact than a text message.


Beijinhos a todas, bom domingo

Céu

Comentários

  1. Minha querida,

    obrigada pela partilha. Este livro (que foi direitinho para a minha Wish List da Amazon) e o teu post serão a inspiração do próximo post da Costureira. Tenho tido vários contactos nestes dias e estou super animada com este entusiasmo demonstrado pelas pessoas com o uso de palavras para ilustrar um dos dias mais felizes das suas vidas.

    Beijinhos,

    Marta

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  2. Olá Martinha, "ofereceste" comentário ao meu post, não tinha visto (não chegou alerta via mail). Acho tão bonita a expressão que o prof. Al usa - "to offer comment", já reparaste? É delicado e dedicado, gosto muito :) Oferecer comentário, oferecer palavras e recados. Cá esperamos o próximo da Costuteira! E que bom estares a ter tantos contactos, isso é excelente! Até amanhã, bejinhos

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  3. Queridas Senhoras,

    apesar da minha letra assustadora, ilegível para qualquer outro ser humano, passo o dia a escrever notas e apontamentos. Tenho cadernos, caderninhos e blocos espalhados por toda a casa, e os meus filhos também já têm esse hábito:)) A minha mae sempre nos deixou bilhetes nas malas, nas lancheiras nos dias dos exames (com um chocolate:)), dentro das mochilas, na mesa do pequeno-almoço.

    Entre os vários recados de ternura, conforto e meiguice, o mais comum é o "Stay Well my Children", tal como a Meryl Streep se despede dos filhos numa carta no filme As Pontes de Madison County.

    No outro dia, quando os António partiu pela primeira vez para um campo de férias, tive a tentação de encher a mala do António cheia de recados, mas achei que o meu gordo nao iria aguentar de emoção e de imediato iria começar a chorar de com saudades da mae..... whishful thinking? :))


    Stay Well minhas Senhoras

    bjs

    Mariana

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  4. Achei maravilhoso este tema Céu e depois gostei muito do post que a Marta fez na Costureira.
    Eu sempre me orgulhei de escrever muito ,tive pen friends em várias partes do mundo,sempre escrevi postais de Natal e cartas,andava sempre com o meu diário gráfico na mochila,mas depois veio a internet e os emails e fui perdendo esse hábito,que parvoice!!
    A partir de hoje vou escrever mais,já fui recuperar a minha querida Art Pen ,que ainda funciona iupi,vou arranjar um caderno para as minhas amazing ideas e escrever cartas com a minha letra! Decisão de ano novo antecipada :)

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