Os cinco anos do Francisco

BoloF

Bolo e fotos de Mercearia do Açúcar


O meu filho já tem cinco anos. Ainda estranho o som, cinco, não sei porquê mas para mim foi um marco. De repente, uma mão cheia de anos e já não há bebé cá em casa. Há um rapaz enérgico e apaixonado por tudo o que seja ninja e lutas de super-heróis contra vilões, mas com paciência para fazer puzzles de 200 peças; viciado em jogos de computador (restringidos a meia-hora por dia), mas que não passa sem que eu lhe leia uma história. Muito introspectivo e sensível, mas também com uma capacidade enorme de se divertir.

Podia passar horas a falar das coisas mais adoráveis nele e das coisas que mais nos preocupam. Mas decidi destacar duas, apenas, e poupar-vos à tagarelice de mamã.

Uma delas é a linguagem. Nunca pensei que pudesse ser tão natural esta transmissão, até porque nós não estamos constantemente a ensinar-lhe palavras novas, nada disso. O que é um facto é que ele já tem um vocabulário que faria inveja a muitos adultos; e mais: tem curiosidade, pergunta sempre qual o significado das palavras que ouve e que não conhece, e brinca com as palavras, o que me derrete completamente.

Vou dar-vos exemplos (sim, inchadinha de orgulho, admito):

Um dia destes mostrei-lhe o que era pó de talco.
- Parece água! Quando cai na minha pele, sabe a água!
Uma pausa, e continua:
- Não se diz 'sabe', pois não? Não exactamente... Como é que se diz, mãe, explica-me!

Gosta de inventar verbos. 'Pequenalmoçar' foi dos primeiros e acho que já entrou para o léxico da família. «Posso autoclismar?», perguntou-me, há poucos dias, enquanto eu estava no duche. E ontem, depois de terminar o prato principal do almoço, à pergunta «o que queres agora?», respondeu, «quero frutar». Nós rimos imenso e ele adora fazer-nos rir, por isso tudo me leva a crer que a invenção de verbos continuará.

Bem, outra das facetas adoráveis (e, claro, preocupantes) nele é o lado existencial. Faz parte, está na idade disso, mas ainda assim custa - a  mim custa-me porque não tenho respostas na ponta da língua, também eu ainda ando à procura delas.

Hoje, no caminho para a escola, eu disse que parecia que a chuva não iria parar tão cedo. Ao que ele responde:
- Pois, a chuva está infinita.
Segue-se um silêncio, durante o qual eu penso, pronto, já me vai perguntar se nós também somos infinitos. Eis quando:
- Nós vamos todos morrer, não vamos? Eu espero não morrer já, ainda agora nasci!

Isto de ter cinco anos não é para meninos! Beijinhos a todas e boa semana.

Marta

Comentários

  1. Adoro!!! Especialmente essa de inventar verbos ❤️❤️❤️

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  2. É um alfaiatezinho de palavras :)

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