Queridas Senhoras,
como escrevi no penúltimo post, tenho alguma dificuldade em chegar aos sítios. Por essa razão, e para minha vergonha, nunca tinha ido à Fábrica Braço de Prata. Fica no lado oriental da cidade, numa zona que conheço mal e que me parecia sempre de acesso difícil. Para que conste, o local, instalado no edifício de uma antiga fábrica de material de guerra, abriu em 2007.
Este fim-de-semana a Monstra exibia lá uma das sessões para crianças. Pelo que resolvi que eu e a Alice haveríamos de conseguir chegar a Braço de Prata.
Fomos de comboio.
É pertíssimo. Esperei oito anos para visitar um sítio que fica a meia-hora de casa. O comboio leva 20 minutos e a caminhada da estação até à Fábrica não leva mais de 10. Também há-de ser fácil ir de carro e estacionamento não falta. Mas acabou por ser uma aventura apearmo-nos naquela estação-fantasma com vista para o rio (sem dúvida, o braço de prata). O edifício das bilheteiras, encerrado e entaipado, é daqueles antigos que só vemos quando viajamos no longo curso. Estamos em Entrecampos e cinco minutos depois parece que chegámos a uma cidade totalmente diferente.
Na Fábrica Braço de Prata senti-me em casa. Cá fora, uma esplanada ampla, muito espaço em volta. Entra-se e logo à direita fica o bar/café com mesas e cadeiras de madeira escura. É o tipo de sítio onde apetece logo puxar de um livro e ficar a ler horas esquecidas. Àquela hora estava praticamente vazio e alguém dedilhava o piano existente. Também servem aqui jantares.
À entrada fomos aliciadas a comprar o bilhete conjunto para a Monstra e para as actividades do Bracinho de Prata (todos os sábados, entre as 15h e as 18h, a Fábrica é das crianças: há ateliês, teatro, hora do conto e até uma discoteca). Assim fizemos. Antes da sessão, a Alice participou num ateliê de instrumentos sonoros enquanto eu deambulei pelo espaço.
Pelos corredores há sofás e cadeirões e estantes com livros e revistas. A livraria ocupa duas ou três salas, uma delas com grandes janelões, onde três meninas jogavam matraquilhos. Há várias salas onde à noite têm lugar os concertos, espectáculos e outros eventos que acontecem de quarta a sábado. No andar de cima fica uma sala reservada ao teatro. Nas paredes e pelos corredores há exposições regulares de fotografia ou pintura.
O nosso filme foi exibido na Sala Visconti. Os miúdos podiam ficar sentados no chão e era tudo bastante informal. Não teve a solenidade de uma sessão de cinema (por vezes ouvia-se o barulho de fora) e isso foi o que menos gostei (quando vou ao cinema gosto de cumprir todos os rituais). De resto, gostámos do filme (A Ilha de Black Mor, de Jean François Languioni) e fiquei com muita vontade de voltar a Braço de Prata (e de descobrir o resto desta Lisboa desconhecida, das freguesias de Marvila e do Beato).
Quem sabe para a próxima até somos capazes de levar o carro.
Beijinhos a todas,
Céu
Estás a ver? A zona Oriental é que está a dar!
ResponderEliminarTambém nunca lá fui e tenho a certeza de que é um lugar no qual me sentirei muito bem. Mas eu tenho desculpa, mudei-me para Coimbra há 10 anos e nas visitas à capital ou vou pelo trabalho ou pelas pessoas. Havemos de combinar um encontro no Braço de Prata. E outro na Arte no Livro, em Cascais.
ResponderEliminar[...] pouco mais de um mês escrevi aqui sobre a minha primeira visita à Fábrica Braço de Prata e concluía [...]
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